"Não existe uma regra para que todas as UBS do Município indiquem que vá diminuir as filas”. A informação da secretária de Saúde de Criciúma, Francielle Lazzarin Gava, confirma a situação atual de espera de milhares de criciumenses por atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), além do acesso às especialidades médicas oferecidas pela Prefeitura. Algumas das filas demoram mais a andar e o problema parece não ter fim à vista.
“A Prefeitura deixou a cargo de cada unidade, em assembleia com as comunidades locais, a decisão de como será feita a distribuição de senhas para os pacientes”, acrescentou Francielle. Algumas unidades optaram por distribuir na sexta-feira para a semana seguinte, outros a cada manhã para atender a população à tarde.
Uma conta complicada
O sistema independente faz com que seja difícil precisar a quantidade de pacientes que aguardam nas filas. “Não sabemos quantos pacientes esperam e infelizmente não há como resolver as filas demoradas em alguns locais, horários ou épocas do ano”, complementou a secretária.
Quantos médicos Criciúma tem?
Além do sistema de distribuição de senhas independente entre as UBSs, a quantidade de médicos para atender a demanda do Município pode ser um dos problemas. “Em Criciúma, o mais comum é que os médicos trabalhem, em média, dez horas semanais, e o alto valor pago para cada profissional, em torno de R$ 6,6 mil, impossibilita a contratação de mais prestadores”, alegou Francielle. Os menores valores pagos se aproximam dos R$ 3,5 mil para clínicos gerais com 50 horas mensais, enquanto os maiores salários atingem quase R$ 20 mil para 150 horas por mês, nas especialidades de pediatria e psicologia.
São atualmente 707 servidores da saúde efetivos, além de outros 407 contratados e 47 comissionados. No total, o Município oferece 1.161 profissionais, dos quais 10% são médicos atuantes em 24 especializações, o que corresponde a 161 profissionais. “No ano passado, foram mais de 3,2 milhões de atendimentos em saúde, portanto a quantidade de médicos não supre a necessidade dos pacientes”, apontou a secretária.
Especialidades na mira
Com a questão, as especialidades são as que mais sofrem, especialmente a oftalmologia, que é a mais procurada. “Isso porque muita gente já necessita de óculos ou vai passar a utilizar em algum ponto da vida”, argumentou a responsável pela pasta. “Quando o paciente passa a utilizar óculos, ele deve comparecer anualmente ao oftalmologista, e as filas acabam aumentado”, complementou. A dermatologia e a ortopedia são as especialidades que seguem a oftalmologia como mais procuradas. As especialidades que não possuem filas expressivas são a geriatria, cirurgia pediátrica, urologia, nefrologia, fonoaudiologia, reumatologia e catarata.
Informatizar contra a espera
Uma maneira de tentar controlar o tempo de espera é com a informatização do sistema de saúde. O SiSReg garante que pacientes sejam selecionados com base em seu quadro médico e apenas os médicos possuem acesso para alterar a fila de espera. “Por isso, a Prefeitura não pode fazer nada nesse quesito também, mas esse sistema garante que aquele que precisa mais de um atendimento tenha prioridade, de acordo com a avaliação profissional de cada caso”, finalizou Francielle.