Uma postagem nas redes sociais de assessor da Casa indicando que os deputados têm acordos com o governador indignou os parlamentares na sessão da última quarta-feira, 4, da Assembleia Legislativa (Alesc).
“Chega um momento da vida que tem de se comportar de forma adulta. Lucas Campos, lotado no gabinete de Jessé Lopes (PSL), em conversas nas redes sociais, falou de acordo de todos com o governador e que se alguns voltaram atrás foi porque não obtiveram o prometido do governador. Qual o acordo com o governador?”, questionou Sargento Lima (PSL), que pediu à Casa a análise do comentário do servidor.
Jessé Lopes reconheceu a postagem do assessor, pediu desculpas aos pares, sugeriu retratação, afirmou que o servidor tem liberdade de expressão e que terá de responder pelo que escreveu.
“Ele é meu assessor, não é meu filho, tem liberdade para expressar o que pensa, respeito muito ele, assim como ele tem de responder pelo que escreve. Ficam as minhas desculpas. Acordos podem ser de vários tipos, existem vários acordos, você é governo e o governo vai te contemplar”, exemplificou Jessé, informando em seguida que pediu ao assessor para deletar a mensagem e se retratar.
Os deputados Ana Caroline Campagnolo (PSL), Felipe Estevão (PSL), Ricardo Alba (PSL), Fernando Krelling (MDB), Fabiano da Luz (PT), Laércio Schuster (PSB) e João Amin (PP) apoiaram Lima e cobraram explicações sobre supostos acordos com o Executivo.
“Se existe um acordo com o governador, é dele não fazer o que solicito”, ironizou Ana Caroline, acrescentando não ter “conhecimento de acordos com os outros deputados”.
“Não fiz nenhum acordo com o governador, mas gostaria de fazer um acordo: que ele pudesse atender as seis audiências dos prefeitos do Médio Vale. Oito meses que eles não conseguem uma simples audiência, esta é a nova política, que se distancia das pessoas, que não vive a vida real”, criticou Schuster.
“Exposição desnecessária dos amigos, fake news, comparações, ora, vamos comparar o trabalho. Gastou mais? Cada um responde”, declarou Krelling, referindo-se à comparações de gastos entre os representantes do povo.
“Somos testemunhas do trabalho de todos os deputados e não vai ser uma postagem como essa que vai denegrir a imagem dos parlamentares, me coloco ao lado de Vossa Excelência e cobro atitudes da Casa”, indicou Alba.
“Quero dizer que tudo tem um lado bom e ruim, (a internet) deu voz e propagou muita coisa boa, mas tem de pesquisar cada vez mais, muito imbecil e porcaria se encontram na rede social, deu luz a muito imbecil”, lamentou João Amin.
“Quero ser avaliado pelos resultados, ontem fiquei aflito quando vi o Alba sendo exposto de maneira leviana. É muito sujo quando alguém tenta crescer baixando os colegas. ‘Eu sou o deputado mais barato’, mas às vezes é o mais caro, não gera resultado para a população”, argumentou Estevão.
“Podemos divergir em ideias, mas jamais perder o respeito. Quanto os deputados do Oeste gastam? Se saio daqui ao meio dia, chego à noite em casa; se pego o avião, custa R$ 1.450,00. Vejam que os gastos não são iguais, agora vou denegrir por que gastou mais que o outro?”, questionou Fabiano da Luz.
“O assessor falou um pouquinho demais, tenho certeza de que vai ser conversado no gabinete, mas não podemos condenar o uso das redes sociais, quem acha que deve ser julgado pelos resultados, tem de ir lá expor o que está fazendo”, propôs Bruno Souza.
Jessé Lopes voltou ao microfone de apartes e afirmou que não comparou gastos dos parlamentares.
“A comparação de valores não fui eu que fiz, nunca falei para ninguém não gastar, quem não quer ser cobrado na internet, saia da internet”, encerrou Jessé.
Ao final, o deputado Mauro de Nadal (MDB), que presidia a sessão, confirmou que o assunto será encaminhado à procuradoria jurídica da Casa para as providências cabíveis.
Ideologia de gênero
Ana Caroline Campagnolo noticiou na tribuna denúncia feita pelo deputado André Fernandes (PSL/CE) sobre cartilha com orientação para professores tratarem do tema no Ceará.
“Vai ensinar os professores a ensinar ideologia de gênero”, criticou a deputada, que citou norma da Associação Americana de Pediatria que trata a sexualidade humana como um traço biológico binário e gênero como conceito sociológico.
“Tem questões que estamos de acordo: o assunto tem de ser discutido de acordo com a idade”, assinalou Paulinha (PDT).
“Não falo só como mãe, mas porque tenho netos: sou a favor da orientação sexual acima de dez, onze anos. As crianças comentam horrores entre elas, então que vão comentar com conhecimento de causa. Orientação envolve se a criança é gay ou não. Não é direita, esquerda, conservador, é a realidade. Vamos parar de mascarar a coisa, o mundo está evoluindo”, pontuou Ada de Luca (MDB).