O início da noite foi marcado por um barulhento protesto defronte a um residencial na Rua Joaquim Nabuco. Servidores públicos de Criciúma começaram uma série de protestos que serão levados às residências de 14 dos 17 vereadores da cidade. Eles se manifestam contra recente aprovação de um pacote de projetos do Executivo referentes a remunerações e benefícios do funcionalismo.
O primeiro vereador escolhido para ser "visitado" pelos manifestantes foi Nícola Martins (PSDB), líder do governo na Câmara. "Nós estamos aqui, em frente a esse prédio, pois aqui mora um dos vereadores da cidade, vereador Nícola, que hoje é líder do governo. Os vereadores, quando querem pedir voto, batem na porta da casa das pessoas", afirmou, fazendo uso de microfone e sistema de som, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Criciúma e Região (Siserp), Jucélia Vargas.
"O vereador, quando se candidatou, andou de porta em porta pedindo voto, dizendo que estaria na Câmara a serviço da cidade, do povo de Criciúma, mas infelizmente o vereador, jovem, que se elegeu pela primeira vez, está lá na Câmara apenas baixando a cabeça e fazendo o que o capitão manda. Apenas a serviço do prefeito Clésio Salvaro, fazendo tudo o que o prefeito manda sem questionar, sem debater", disse.
Em seguida, o vice-presidente do Siserp, Reginaldo Bernardo, lamentou a falta de diálogo com o Executivo. "Como o vereador não tem tido a capacidade de dialogar com os servidores públicos, simplesmente porque o prefeito Clésio determina que esse vereador nada faça se não tiver autorização dele", disse. "Para que todos saibam, a cidade de Criciúma, hoje, não tem um prefeito. A cidade de Criciúma vive como se tivesse um reinado, porque o prefeito, além de comandar a prefeitura, ele também comanda a Câmara de Vereadores, onde lá tudo o que faz tem que ter sua aprovação", criticou.
Reginaldo confirmou que o protesto vai passar defronte às residências de outros 13 parlamentares de Criciúma. "Estamos aqui hoje, como servidores públicos, para conversar com todo mundo, iremos visitar todos os locais onde os vereadores moram para que o povo onde eles moram saibam o que eles tem feito na Câmara, que não é a serviço da população mas sim a serviço do prefeito, onde não respeitam servidor, não respeitam a cidade nem a sociedade", reclamou. "Ele prometeu, na conversa com a gente, que conversaria com o prefeito para a gente voltar a dialogar na mesa", frisou.
"Quem faz as obras são os servidores, o prefeito fica na sua sala, no ar condicionado ditando ordens", citou Reginaldo. "O servidor está cansado de fazer tudo o que faz e ser tratado com desprezo e deboche pelo prefeito e pelos vereadores", salientou. "Hoje é um recado para os vereadores. Esse é o primeiro de outros 14 que a gente ainda vai visitar", prometeu. "A Câmara tem 17, 14 simplesmente obedecem as ordens do prefeito", sublinhou o vice-presidente.
O sindicalista salientou, ainda, que o funcionalismo está há três anos sem ter sequer o repasse da inflação em seus salários. "Uma servente de escola, hoje, em Criciúma, recebe R$ 1.132, menos do que um salário mínimo", exemplificou. Depois de cerca de 10 minutos de manifestação diante do residencial, moradores do prédio foram até a calçada pedir o fim do protesto. "Nós vamos continuar nosso protesto", arrematou Reginaldo.