Há um ano, na manhã de 9 de setembro de 2019, falecia em Florianópolis o ex-deputado federal Walmor de Luca, então com 81 anos. "Eu conheci o Walmor indo no Plano do Carvão, hoje Casa da Cultura, visitar o Manoel Dias que estava preso e que namorava a Dalva, irmã do Walmor", lembrou a viúva, deputada estadual Ada de Luca, em uma entrevista à Rádio Som Maior, no programa Nomes & Marcas, cerca de um mês antes da morte do marido.
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Walmor por Ada
Ada casou com Walmor aos 18 anos. "Eu visitando o pai e o Walmor visitando o Maneca (no Plano do Carvão, que era o local onde os presos políticos ficaram um tempo em Criciúma quando do início da ditadura militar), começamos a conversar. Eu sempre gostei de pessoas mais velhas, ele tem quase 13 anos a mais que eu. Eu sempre gostei de papo de política, e ele tinha. Quando vi, estava casada", contou, no Nomes & Marcas.
A essa época, Walmor ainda não era político. Formado em Farmácia e Bioquímica, ele mantinha o Laboratório Clínico de Luca, vendido posteriormente e que deu origem ao atual Laboratório Búrigo. "Ele foi candidato a vereador em Içara, já casado, quando voltamos da lua de mel. Eu tinha decidido ser dondoca, e não me envolver com política. Acabei indo para a campanha dele. Ele se elegeu vereador em Içara", recordou a deputada. "Ele foi candidato a prefeito de Içara também. Trabalhei feito uma leoa naquela campanha, ele perdeu por uns dez votos. Era preferível ter perdido por mil. O Ascendino Pavei, tio do Walmor, ganhou. Era campanha de tio contra sobrinho", destacou. "Daí ele foi candidato a deputado federal e se elegeu", emendou.
Walmor foi exercer então o primeiro mandato de deputado federal em Brasília a partir de 1975, pelo MDB. "Fiquei um ano morando em Criciúma, era meu mundo, minha vida. Depois eu fui, eu me envolvia com a política, o Walmor não estava em casa, elas não tinham nem pai nem mãe em casa", resgatou Ada, citando as razões para a sua transferência para acompanhar o marido na Capital Federal. Por influência do marido e gosto pessoal, ela se envolveu bastante com política, a ponto de candidatar-se a vice-governadora do Distrito Federal em 1990. A chapa do MDB terminou em segundo lugar.
O marido de Ada encerrou seu ciclo em Brasília em 1991. "Lá em Brasília, trabalhando com o dr. Ulysses, ele chegou e me deu uma missão, organizar o partido no Distrito Federal", pontuou Ada. Missão cumprida, com o marido sem mandato ela ainda demorou um tempo, mas voltou para acompanhar o esposo em Florianópolis. "Com a vinda do Walmor para a Celesc, Casan, ele ficou muito doente umas duas, três vezes, e quase que se foi. Demorei, ainda fiquei uns cinco anos mantendo a minha casa lá", reforçou.
Relembre, no podcast, o Nomes & Marcas no qual Ada contou várias histórias com Walmor de Luca.
Walmor: o perfil
Walmor de Luca era filho de Jorge Elias de Luca e Gília Rizzieri de Luca. Nasceu em 22 de março de 1938, em Criciúma. Formado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), casado com Ada, pai de Fabiana e Giovana, avô de Valentina, Catarina e Paola. Pelo MDB, foi vereador em Içara de 1967 a 70 e deputado federal em quatro mandatos, de 1975 a 91.
Teve papel destacado na Câmara Federal, como deputado constituinte, integrante de CPIs e de comissões, além de ter sido secretário da Mesa Diretora e vice-líder da bancada do MDB, e representou o Brasil em missões internacionais em Angola, Líbano, Síria e na Organização das Nações Unidas. (ONU) Foi secretário de Estado da Saúde em Santa Catarina no governo Pedro Ivo Campos, em 1989 e 1990, e assessor do Ministério da Saúde em 1991 a 92. Presidiu a Telesc entre 93 e 95, e a Casan de 2003 a 2011.