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“Vai no barzinho a noite e enche a cara sem máscara”, Salvaro sobre vereadora

"Para me desqualificar, tentam insistentemente ligar minha imagem a de uma mulher destemperada, incompetente e alcoólatra", rebateu Giovana Mondardo (PCdoB)

Por Gregório Silveira 26/10/2021 - 14:32 Atualizado em 26/10/2021 - 14:38
Reprodução
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Após a vereadora de Criciúma Giovana Mondardo (PCdoB) entrar com um requerimento na casa legislativa cobrando base científica para o decreto do prefeito Clésio Salvaro que libera o uso de máscara em locais abertos para as pessoas que estão com o esquema vacinal completo, o prefeito respondeu atacando a vereadora. Em entrevista a NDTV, de Criciúma, o prefeito disparou. “Ah, a Giovana comunista. Isso é a prática do comunista é a prática do petista, que são contra tudo, que querem que o estado faça tudo e eles não façam nada. Essa vereadora, por exemplo, estava aqui no parque da prefeitura, caminhando, praticando exercício sem máscara. Vai no barzinho a noite e enche a cara também sem máscara. Enfim dela não vale nada”, atacou Clésio Salvaro.

Em resposta ao prefeito de Criciúma, a parlamentar emitiu uma nota. Segundo Giovana as ofensas não conseguirão tirar seu foco. “Para me desqualificar, tentam insistentemente ligar minha imagem a de uma mulher destemperada, incompetente e alcoólatra, como se a vida social, a competência e a serenidade fossem características ou direitos exclusivos dos homens na política. Não conseguirão!”.

Confira a nota na íntegra:

A dificuldade de um homem receber críticas de uma mulher sem tentar desqualificá-la

Desde que iniciei minha vida pública, ainda na Universidade, sempre fui alvo de ataques. Quando resolvi entrar na política, sabia que não seria muito diferente. Na pré-campanha e campanha, tivemos homens que invadiam nas nossas reuniões virtuais e compartilhavam pornografia, além de inverdades que foram expostas nas redes sociais no dia da eleição. 

Após eleita, sabia que teria que dar 10 vezes mais o meu melhor para provar que uma mulher, de esquerda, tem projetos e boas ações para Criciúma. Mas infelizmente o desrespeito continua, tanto por xingamentos nas redes sociais, quanto por colegas da base do prefeito.

Desde o ano passado, após eleita, o meu trabalho já começou. No primeiro mês de mandato, já foram inventadas mentiras ao meu respeito. Para me desqualificar, tentam insistentemente ligar minha imagem a de uma mulher destemperada, incompetente e alcoólatra, como se a vida social, a competência e a serenidade fossem características ou direitos exclusivos dos homens na política. Não conseguirão!

Nosso mandato atualmente tem mais de 10 leis, entre ideias que debatemos com a população,  projetos protocolados na Câmara de Vereadores, Projetos de Lei em tramitação e Leis promulgadas. Sim, promulgadas, pois o prefeito de Criciúma nunca assinou nenhuma de nossas leis. 

Além disso, nunca conseguimos marcar uma reunião para falar das nossas propostas. Sou uma vereadora independente e nunca deixei de votar favorável a projetos do executivo que fossem bons para a população. Quando não são bons, sou voto contrário, e isso é a política que se espera.

Mas infelizmente, o desrespeito segue forte. Na própria Casa Legislativa, enquanto o líder do governo me chamou de “destemperada” e agora, após uma entrevista, o prefeito diz que “nada do que vem dela presta”.

São seis leis em vigor, em teoria, pois em prática, nenhuma foi colocada. Entre as nossas leis, estão ações contra a violência contra a mulher, a distribuição de absorventes, transparência na vacinação, além de impedir que agressores assumam cargos comissionados, no qual veio o primeiro veto. 

A perseguição por meio de vetos em projetos, pareceres de ilegalidade por parte do líder do governo e de outros absurdos, se intensificou após a Parada LGBTQIA+, onde mais de 1.000 pessoas estiveram presentes em resposta à atitude autoritária e homofóbica do prefeito. 

Uma resposta de uma Criciúma que não aceita autoritarismo. Não há mais espaço para que um político decida governar para sua turma e atacar quem não pensa igual. Assim decidiu fazer Bolsonaro e estamos acompanhando o caos social que imputou à população brasileira.

O desafio das mulheres na política atravessa a esfera da representatividade. Para além da nossa baixa presença nos espaços de decisão política, somos violentadas e desqualificadas por sermos quem somos e não sobre o nosso trabalho, diferentemente do tratamento com os homens. 

Já faz quase um ano que estou vereadora da maior cidade do sul do estado de Santa Catarina, fui a segunda mais bem votada da cidade entre 260 candidatos, a vereadora mulher de esquerda mais bem votada de todo o estado e não me curvarei às ameaças e contradições impostas pelo machismo e ódio às mulheres na política. 

Boa luta!


Giovana Mondardo - Vereadora de Criciúma (PCdoB)
Amar e Mudar Criciúma.

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