Segue o debate sobre o afastamento do prefeito de Lauro Müller, Valdir Fontanella (PP). Ainda sem pronunciamento oficial, a reportagem da Rádio Som Maior e Portal 4oito segue no município, ouvindo as partes envolvidas. O presidente da Câmara de Vereadores do município, o oposicionista Luciano Leodato (PSB), conversou com o jornalista Denis Luciano na manhã desta terça-feira. Segundo o vereador, irregularidades nas obras já eram ventiladas pelo legislativo.
"A gente desconfiava, foi avaliado desde o início. Até um vereador tinha fotos de contratação de máquinas do serviço da obra: tinha máquina junto com operador da prefeitura. A licitação foi feita com a contratação da máquina e operador, mas quem trabalhava era o funcionário público, da prefeitura, para empresas terceiras. Tem foto, tem prova. Denúncias são feitas, o vereador faz a parte dele", afirmou Leodato. "É triste, mas cada um sabe o que faz e agora vai arcar com as consequências. Se for comprovado, ele vai pagar. Se provar que não fez, vai voltar com a administração dele", completou.
Foi Leodato quem recebeu o ofício de afastamento de Fontanella, no começo da manhã da segunda-feira. Assim como ao vice-prefeito Pedro Barp, que assumiu interinamente a prefeitura, o afastamento o pegou de surpresa. "É surpreendente, acordei com uma ligação de um representante do Tribunal de Justiça que iria me entregar um documento de afastamento do prefeito. De início achamos que era referente a crime eleitoral que teve no final do mês passado, mas me surpreendeu que tava o Gaeco na minha residência. Estavam com a prefeitura e umas empresas privadas do prefeito", explicou.
Ainda de acordo com o vereador, o cenário é inédito em Lauro Müller. "A prefeitura sempre dizia que estava fazendo tudo certo, falavam de administrações anteriores que tinha o Gaeco investigando. É surpreendente para Lauro Müller, que tinha feito abertura de Natal no domingo, acordar com esse 'presente' na segunda-feira de manhã, mas o cenário político nacional está com essa imagem ruim. A gente via na mídia, agora aconteceu em casa, em uma administração que se dizia correta. Para Lauro Müller é histórico, nunca um prefeito tinha sido afastado. Se teve essa denúncia e o afastamento, é porque tem algumas provas. Para a cidade é muito triste. Deixa uma mancha", apontou Leodato.
Pedro Barp já declarou que vai manter a continuidade das obras licitadas no município. Antes do PSB, partido de Leodato, Barp deixou o partido desde que a sigla virou oposição à gestão Fontanella na Câmara. Leodato criticou o que seria fazer obras que "quem paga a conta são os futuros prefeitos".
"Têm muitas obras no município, devido a um financiamento que foi aprovado às escuras em uma sessão extraordinária. Vai trazer melhorias para a cidade sim, mas quem paga a conta são os futuros prefeitos, porque tem quatro ou cinco anos de carência. As obras estão começando, o vice-prefeito acompanha, mas vai pegar o carro andando. No que for preciso, a gente do legislativo está à disposição", conclui.
Fontanella prepara a sua defesa para a investigação, que tem como suspeita crimes de corrupção ativa e passiva e peculato em obras públicas nos últimos três anos no município. A informação de familiares é de que na sexta-feira o prefeito afastado será ouvido pelo Gaeco, mas os advogados de defesa terão acesso aos autos nesta terça. Fontanella definirá estratégias para tentar responder às investigações em mandato.