O falecimento do ex-deputado Walmor de Luca, aos 81 anos, na manhã desta segunda-feira, 9, em Florianópolis, encerrou um ciclo da vida política sul catarinense. Deputado federal por quatro mandatos, ele se encontrava afastado da rotina política,mas mantendo papel nos bastidores.
Na última quinta-feira, 5, cumpriu sua última agenda na região. Reuniu-se com o prefeito de Içara, Murialdo Gastaldon, e com o vice, Sandro Giassi Serafin, em momentos distintos. Com Serafin, tratou sobre as eleições de 2020 e a postura do MDB para o pleito.
Walmor foi deputado federal de 1975 a 1991.
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Ativo nas redes sociais, Walmor fez ao longo do fim de semana suas últimas postagens. Neste domingo pela manhã, compartilhou uma citação do deputado federal Elvino Bohn Gass, do PT gaúcho, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro. "Ele tinha uma prática de escrever e postar, a família pegava no pé, ele ia pensando e escrevendo, não fazia correções. Ele pensava com a língua e escrevendo, muito crítico do governo Bolsonaro e sempre manteve suas posições. Batia boca todos os dias nas redes sociais", comentou o jornalista Adelor Lessa, ao noticiar a morte do ex-deputado na Rádio Som Maior.
Em torno de 1978, o então deputado em primeiro mandato, liderança da tendência popular do MDB, promoveu um debate em Criciúma trazendo à cidade os principais líderes sindicais do país. "Os principais líderes da esquerda, Chico Pinto, Freitas Nobre e Luiz Inácio Lula da Silva, que estava começando a vivenciar o seu melhor momento no sindicalismo. Na época aqui, lotaram o auditório do Colégio São Bento para ouvir o Lula. Ele foi questionado se seria candidato e, na época, ele disse que os trabalhadores fariam as mudanças do país pelos sindicatos, e não pelos partidos", recordou Lessa.
Vida partidária
Walmor fez sua carreira política no MDB, sempre mais à esquerda no espectro do partido. "O MDB tinha duas tendências no seu início, o PMDB mais à esquerda, liderado por Jaison Barreto, do qual Walmor fazia parte com Nelson Wedekin, Dirceu Carneiro e outros, e o PMDB mais à direita, liderado por Pedro Ivo Campos", comentou Lessa. "Tanto é que o Walmor foi um dos responsáveis pela articulação interna na prévia do PMDB, vencendo Pedro Ivo por causa dos votos daqui, do sul", emendou.
O ex-deputado teve uma curta passagem pelo PSDB, logo voltando para o PMDB.
Abaixo, o comunicado emitido pela família na manhã desta segunda-feira lamentando a morte do ex-deputado:
Com tristeza infinita em nosso corações comunicamos o falecimento de Walmor Paulo de Luca, na manhã desta segunda-feira,9, em Florianópolis. Esposo da deputa Ada Faraco de Luca, pai de Fabiana e Giovana e avô de Catarina, Valentina e Paola. Walmor morreu em sua residência, sereno, despedindo-se de uma jornada divina e deixando um grande legado para nossa família e para Santa Catarina. Que descanse em paz! Ao longo do dia estaremos informando detalhes sobre velório e enterro. Em nome de toda nossa familía, pedimos orações e agradecemos pelas manifestações de carinho.
Walmor de Luca iniciou a vida política em 1966, eleito Vereador em Içara/SC, para o período de 1967 a 1970, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido do qual foi um dos fundadores no município.
Pelo MDB, elegeu-se Deputado Federal por Santa Catarina, com 41.691 votos, para a 45ª Legislatura (1975-1978). Durante o mandato, exerceu a Vice-Presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a aquisição de hospitais pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), e foi Vice-Presidente da Comissão Permanente de Minas e Energia, e Suplente da Comissão de Saúde.
Nas eleições de 1978, pelo MDB, renovou mandato na Câmara dos Deputados, eleito com 45.013 votos, compondo a 46ª Legislatura (1979-1982). Exerceu a função de 4º Secretário da Mesa Diretora da Casa, entre 1979 e 1981, e de Vice-Líder da bancada do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em missão parlamentar, visitou o Líbano e a Síria, a convite da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), e viajou para Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde foi delegado observador na II Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), que abordou o direito do mar.
Reeleito Deputado Federal no pleito realizado em 1982, pelo PMDB, obteve 72.853 votos, tomou posse à 47ª Legislatura (1983-1986). Integrou a CPI sobre o polo petroquímico do Sul (1986) e visitou Angola em missão parlamentar, a convite do Governo do país africano. Manteve-se no posto de Vice-Líder do partido na Câmara e participou da Comissão Permanente de Finanças.
Em 1986, elegeu-se Deputado Federal, com 41.686 votos, para a composição da 48ª Legislatura (1987-1991). Integrou a Assembleia Constituinte de 1988 (Constituição assinada em 5 de outubro de 1989), a Subcomissão do Sistema Financeiro e a Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Licenciou-se do mandato, entre 1989 e 1990, e assumiu a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, nomeado pelo Governador Pedro Ivo Campos.
Pelo PMDB, candidatou-se pela quinta vez ao cargo de Deputado Federal nas eleições de 1990, com 20.046 votos, conquistou a posição de Suplente, mas não foi convocado pela Câmara.
De 1991 a 1992, ocupou o cargo de Assessor Parlamentar do Ministério da Saúde.
Presidiu as Telecomunicações de Santa Catarina (TELESC), entre 1993 e 1995.
Foi Presidente da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN), de 2003 a 2011, nomeado pelo Governador Luiz Henrique da Silveira.
Em 2007, assumiu como Diretor Vice-Presidente da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE).