A música leva a um tempo, lembra ambientes, puxa pela memória.
A música embala a vida.
No fim de ano, tempo de balanço, avaliações e reflexões.
As músicas encaminham, embalam, descrevem.
Nada mais significativo, expressivo, e sempre real, como o Epitáfio, do Titãs.
Parece sempre da hora, a cada fim de ano.
Talvez porque seja a hora que o gás está acabando, a velinha apagando, e aflora o sentimento que faltou alguma coisa, que deveria ter feito mais, ou menos.
“Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o Sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos.”
Não parece que foi feito para cada um de nós?
Porque o ano pode ter sido maravilhoso, de conquistas e vitórias, mas via de regra a gente sempre acha que “devia ter arriscado mais, e complicado menos”.
Mas, esse ano se foi.
Não dá para voltar o relógio, nem colocar de volta as folhinhas do calendário.
Então, é olhar para o amanhã, projetar o que vem.
E ouvir o Jota Quest anunciar que “dias melhores virão”.
“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz
dias a mais
Dias que não deixaremos para trás
O dia em que seremos melhores
Dias melhores pra sempre "
Isso virou um hino nestes tempos malucos de pandemia, porque ninguém sabia o que iria acontecer amanhã, mas a fé alimentava a certeza que iria melhorar, que dias melhores viriam.
E de vez em quando eu vivia cantando Jota Quest. Para convencer, talvez.
Até que vieram os dias melhores. Finalmente.
E aí, a gente começa a se livrar da dor. De vários tipos de dor.
Dor pela perda de amigos (tantos amigos).
Dor da solidão. Da angústia.
E do medo. Medo de não vencer.
Medo de sofrer.
De novo, vou buscar o Jota Quest.
“ Ei, dor
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
E se quiser saber
Pra onde eu vou. Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou "
Medo e dor, vencidos.
Dias melhores vieram.
E é possível fazer um balanço de fim de ano mais pra cima.
De bom astral.
Projetando um voltar à normalidade da vida.
Porque é preciso voltar a viver e caminhar.
Lembrando, e valorizando, tudo que foi superado, vencido, para se chegar até aqui.
E a para continuar firme, subindo montanhas, percorrendo milhas e milhas.
Porque a vida ensina e o tempo traz o tom, com anuncia o Cidade Negra.
“ Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar ate aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu nem cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio chorei
A vida ensina e o tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé o dia a dia encontro solução “
Com música no ar, muita fé, e amor no coração, que o seu balanço seja positivo, e que os planos e projetos para o ano novo sejam de grandes conquistas.