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O que Portugal ensina

Por Adelor Lessa Edição 10/06/2022
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Portugal está tomado por brasileiros.
Constatei isso durante uma semana que fiquei em Porto, aproveitando minhas férias de meio de ano.

Ouvi que Portugal vive bom momento na economia, de estabilidade, mas já esteve melhor.
A pandemia e a guerra atrapalham.

Na política, os portugueses tem um presidente muito popular, respeitado, que tem postura de homem simples, mora no seu apartamento (nada de Palácio) e usa o seu próprio carro (nada de carro oficial).
Mas, ele não comanda o governo, não é chefe da gestão. Isso é com o primeiro ministro.

O presidente é chefe de estado. Tem poder para demitir o primeiro ministro, dissolver o parlamento e convocar novas eleições.

Assim, se o governo vai mal, ou está atolado em denúncias de corrupção, não precisa encarar um impeachment.
Simplesmente cai o governo por ato do presidente.

A propósito, o primeiro ministro anterior está preso, com tornozeleira, vencido por denúncias de corrupção.

O modelo português parece ser caminho mais seguro, menos traumático para vencer crises.

Mas, os brasileiros não foram para lá por causa disso.
Eles buscaram segurança. No sentido mais amplo.

Uma cearense disse que no primeiro dia que estava lá, viu uma mulher passar correndo e saiu correndo atrás.
Imaginou um “arrastão”, ou uma briga, ataque de gangues, sequestro, ou qualquer coisa do tipo.
Mas, era apenas uma portuguesa atrasada para pegar o metrô.
E a cearense completou:

“A gente demora um tempo para se acostumar com a tranquilidade. Aqui, posso caminhar na rua em qualquer horário, meus filhos podem brincar à noite na frente de casa, a janela pode ficar aberta, porque nada vai acontecer”.

Um motorista de aplicativo, carioca, emendou:
“Quando flagram um batedor de carteira, surgem 20 ou 30 policiais para pegá-lo. Como nada acontece, a polícia não tem nada para fazer, e o batedor de carteira é a oportunidade para mostrar serviço e se movimentar um pouco”.

A segurança que atrai os brasileiros é também na economia.
Ganham bem, em euro, conseguem guardar dinheiro e a facilidade da língua permite crescer e empreender.

Por isso, de cada 10 motoristas de aplicativo, 8 são brasileiros (ou quase isso). 
Em cada bar ou restaurante, tem brasileiros.
Dos mais simples, aos de alto padrão.
Mais cariocas, mas também muitos goianos, mineiros, paulistas, cearenses e catarinenses.

No Porto, lembrei de Araranguá.

Porque o rio Douro que corta a cidade tem calçadão na lateral, com bares, restaurantes e muita vida.
Tem pescadores na ativa.
O rio não é problema. É solução.

Na foz do rio com o mar tem os molhes, que permitem a entrada de barcos, e fomentam geração de emprego e renda. Aquecem a economia.

Exatamente o que se projeta para a barra do rio Araranguá faz décadas. E não sai.

Porto é lindo, tranquilo, boa qualidade de vida, renda per capita no nível dos melhores países do mundo.
Portugal é assim.

É do tamanho de um dos pequenos estados brasileiros.
Mas, tem muito a ensinar.

Um empresário do ramo do turismo estabelecido no Porto, que é brasileiro, carioca da gema, disse que todo prefeito do Brasil deveria viajar pelo menos um vez por ano pelo mundo, com vereadores e representantes do setor produtivo, para conhecer coisas novas, bons exemplos como o Porto apresenta.

Uma boa ideia. Cumpre o papel de “abrir cabeças".

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