Clésio Salvaro conseguiu o previsto: aprovar a sua reforma da previdência. Mas a principal apreciação de tudo o que aconteceu ontem na Câmara é política. O prefeito viu consolidar a oposição contra si. E ela parece cristalizada pensando em um 2020 que, além de ano eleitoral, será de dificuldades para fazer passar projetos de interesse do Paço.
São sete os votos oposicionistas que resultaram das vitórias por 10 a 7 que Salvaro teve nos tópicos da reforma: Ademir Honorato (MDB), Julio Kaminski (PSDB), Zairo Casagrande (PSD) e Edson Paiol (PP) que não representam novidade. Some-se a eles os novos oposicionistas Camila do Nascimento (PSD), Salésio Lima (PSD) e Paulo Ferrarezi (MDB).
De cada um desses nomes, diversas leituras. De pronto, a reparar na postura do partido do vice-prefeito Ricardo Fabris. O PSD tem três cadeiras na Câmara, e os três votaram contra Salvaro. E Salvaro tem multiplicado elogios a Fabris, colocando-o como o seu vice para 2020. É uma postura no mínimo curiosa essa de um PSD governo no Paço e oposição na Câmara. Há quem diga que o revés sofrido por Salésio Lima na tentativa de ser o presidente do Legislativo no ano que vem – Salvaro apoiou Tita Beloli (MDB) – tenha pesado contra o prefeito.
O grupo oposicionista contava com mais dois votos para barrar de vez as pretensões de Salvaro ontem. Mas os apoios esperados de Julio Colombo (PSB) e Dailto Feuser (PSDB) não vieram. Colombo já esteve mais distante de Salvaro, quando rompeu com a cúpula do seu partido, mas agora em condição pacificada, parece sutilmente mais e melhor alinhado ao Paço de novo. Feuser tem dado claros sinais de distância em relação ao prefeito e ao PSDB, tanto que já está no radar de outros partidos, mas acabou votando com o Paço ontem.
Com oposição mais forte, Salvaro precisará de olhos e ouvidos mais potentes a seu favor na Câmara em 2020. A defesa pró-governo tem se limitado aos vereadores Arleu da Silveira (PSDB) e Aldinei Potelecki (Republicanos), pois de resto é só a oposição que sobe à tribuna. Os demais governistas do Legislativo são, na sua maioria, de postura defensiva, tímida em plenário, que pouco verbalizam. Isso cria uma linha tênue e extremamente perigosa para Salvaro, que almeja navegar em águas tranquilas em 2020 com as tantas obras que tem a fazer, mas que não poderá esquecer dos necessários ares mais tranquilos na Câmara.