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À Pátria tudo se dá e nada se pede (a tese patriota de Bilac, um tanto desgastada hoje)

Por Aderbal Machado 09/09/2023 - 07:00

Passa a Semana da Pátria, relembro meus dias de odes à data. Quando estudante, no Araranguá (Grupo Escolar Castro Alves), aguardava ansioso pelo desfile. Adorava aquela formalidade da marcha. Na minha sala, professora Nialva Rodrigues Villanova (recentemente falecida em Florianópolis), repassava nossas instruções e conferia os ensaios da marcha. Ah, sim, um dos membros da fanfarra da escola era Lulu, o rei do tamborim e do bumbo. Campeão. Meu parceiro de futebol, inclusive, no GEA (Grêmio Esportivo Araranguaense). Seu irmão Nadico também jogava. Mas Nadico não estava na escola então. Era entregador do armazém de “secos & molhados” do Luiz Wendhausen, na época localizado no prédio da Bene Chede, esquina da Praça Hercílio Luz com a Beira Rio.

No dia “D”, criavam-se os pelotões especiais. Resolveu dona Nialva me colocar no “Pelotão de Saúde”. Desfilávamos vestidos com uniforme branco, com uma cruz vermelha no boné e na manga da camisa. Jamais entendi a escolha: jamais tive qualquer pendor, conhecimento ou proximidade com a área da saúde. A tiracolo, levávamos uma bolsa de primeiros socorros (se mandassem ou fosse necessário grudar um band-aid em alguém, não saberia).
Mas o inusitado nunca bloqueou a beleza e o sentimento reinante cá dentro. 

Mais tarde, 19 anos, convocado para o Exército (1963-1964), integrei o grupamento da soldadesca do 14º Batalhão de Caçadores (hoje 63º Batalhão de Infantaria de Florianópolis) e, no 7 de setembro de 1963, desfilamos garbosos na Praça XV, prestando continência ao então Governador Celso Ramos, num palanque instalado na entrada da Rua Felipe Schmidt, sobre o Jardim da praça.

Pois saibam: mantive por muito tempo o prazer de assistir a desfiles e sentir o clima. Perdi isso. Tornou-se um lugar comum. Conseguiram chamuscar a festa com vinculações de ordem ideológica e política, como se o Brasil fosse de um dono ou outro, em disputa pela hegemonia da cerimônia. 

Ainda mantenho a chama do patriotismo, mas com certo desânimo, lastimo afirmar. 

Encerro com a genialidade do poeta do patriotismo, Olavo Bilac:

A PÁTRIA
                       
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste,
criança ! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu que mar! Que rios ! Que floresta !
A natureza aqui, perpetuamente em festa,
é um seio de mãe a transbordar carinhos.
 
Vê que vida há no chão ! vê que vida há nos ninhos,
que se balançam no ar, entre os ramos inquietos !
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
o pão que mata a fome, o teto que agasalha!
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
vê pago o seu esforço, e é feliz e enriquece!
 
Criança! Não verás país nenhum como este!
Imita, na grandeza, a terra em que nasceste!

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