Lembro muito bem do Romeu Lopes de Carvalho – o Romeu Penicilina – durante seu mandato de vereador, eleito em 1969, com exercício de 1970 a 1972. Eu exercia cargo comissionado na Câmara, na época instalada no primeiro andar da Galeria Benjamin Bristot, de frente para a Praça Nereu Ramos.
Candidatou-se várias vezes, sem êxito, com votações inexpressivas. Então, em 1969, novamente lançou seu nome. Surpresa para ele e para todos: elegeu-se com mais de mil votos. Um mandato só, mas chegou e, testemunhei, fez um mandato agitadíssimo, nas suas intervenções nem sempre compreendidas. Na sua simplicidade, mantinha uma postura ética irretocável. Na dúvida, quando algum projeto ou matéria lhe fugia da compreensão, votava contra. Vivia sempre com um pé atrás, com receio de entrar em situações comprometedoras. Para ele, inadmissível. Zelava por ética, antes e acima de tudo. Língua solta, mas ético.
A sua eleição se deu, com tantos votos e após tantos insucessos, por uma decisão de um eleitorado, dizia-se, cansado das mesmices. Então, decidiram descarregar votos em alguém diferente do status. E decidiram, cada um por si e sem combinações maiores, por Romeu Penicilina. Seria um voto de protesto contra o sistema vigente naqueles tempos. Coisa perdurante até hoje. Nunca estamos plenamente satisfeitos com o sistema vigente.
A imagem anexa, conseguida no site do TRE-SC, expõe o sistema antigo: tudo anotado e evidenciado manualmente. Vê-se ali: Arena elegeu 7 e o MDB de Romeu elegeu 4. Certamente todos conhecemos um a um (os cristãos daqueles tempos, claro): Nereu Guidi, Fidélis Barato, Archimedes Naspolini Filho, Edi Tasca, Damásio Reis, Miguel Medeiros Esmeraldino, Eno Steiner (Arena) e Romeu Lopes de Carvalho, Ney de Aragão Paz, Elpídio Meis e Domingos Barchinski (MDB). Destes, cinco exerceram a presidência da Câmara de Criciúma: Nereu, Archimedes, Edi, Miguel e Eno. Com quatro deles trabalhei na assessoria da Mesa da Câmara: Nereu, Edi, Miguel e Eno. Bons, muito bons tempos. Conto isso porque, de repente, amargou aqui dentro uma nostalgia de quando a vida tinha outras atribulações. E amizades cujo conteúdo era irretocável. E, por evidente, inimizades e conflitos também. Hosanas!