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Ah, os Torneios-Inícios e os Torneios das Profissões, um romantismo de um tempo inolvidável

Por Aderbal Machado 29/10/2022 - 07:00

Às vezes me perco no tempo e me surpreendo a relembrar momentos distantes dos vínculos profissionais, porém próximos das saudades alimentadas no fervor das visões sonhadas nuns tempos bem servidos de fantasias.

Relembro, por atavismo e amor telúrico, os famosos “Torneios das Profissiões”, promovidos em Araranguá. Times formados por classes de trabalhadores disputavam, num só domingo festivo, no estádio antigo do Grêmio Fronteira e suas enormes dimensões, um título muito doido e inusitado.

Os jogos iam dos primeiros momentos da manhã até quase ao final da tarde, dependendo da quantidade de times em disputa. Cada jogo era 10m x 10m corridos, sem intervalo e sem acréscimos. O perdedor caía fora e o vencedor, automaticamente, seguia adiante. E assim ia o torneio, até chegar ao final. Eram os contadores, os advogados, os dentistas, os estofadores, os mecânicos, os funcionários públicos, os bancários, os comerciários, os industriários e assim por diante. Havia um limite, mas não lembro qual.

Atletas em disputas oficiais estavam fora. Veteranos podiam, se pertencentes à profissão. 

O torneio fez parte do calendário anual do Araranguá. Mas isso tem um tempo doido. Eu era guri, imaginem...

E na LARM, a tabela do campeonato se montava através de um “Torneio Início”. É quando o campeonato começava na Liga. Os vencedores tinham o privilégio de irem encabeçando a tabela. Ao final, estava formada a tabela – o quem contra quem. 

E isso tinha, igualmente, o cheiro e os ares de festa. As disputam eram no “Campo do Comerciário”, depois Estádio Heriberto Hulse do hoje Criciúma. 

Naqueles saudosos tempos dos times da região, alguns atualmente inexistentes. E impressionava a ferocidade (no melhor sentido) das disputas. Tempos do império “larmeano” de Próspera, Comerciário, Atlético Operário, Metropol, Itaúna, Minerasil, Barão do Rio Branco e vai por aí. 

Em ambos os casos – Araranguá e Criciúma – quando ainda os estádios sequer tinham arquibancadas ou alambrados. Tudo franco e aberto. 

Épocas em que os árbitros e os adversários tomavam todo o cuidado – nem sempre com sucesso – ao sair do estádio  (ou a chegar): passava-se, literalmente, no meio da torcida. Não era raro sombrinhadas na cabeça de árbitros ou adversários, por torcedoras fanáticas e mais afoitas, como a mãe de Jóia, Cecê e Mememo, jogadores do Grêmio Araranguaense. Relembro os nomes: Jóia: Joênio Luchina; Cecê: Antônio Reconci Luchina e Mememo: Zelmo Luchina. Todos meus amigos da época.

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