Uma breve lembrança.
Os “remédios” e tratamentos de antigamente nos fazem pensar. Mamãe usava “escalda pés” contra uma porção de coisas: bexiga presa, febre, dor nas costas, dor de cabeça, gripe. Mais ainda, aplicava um emplastro carregado de produtos pra mim ainda desconhecidos, aquecidos (bem aquecidos) no fogo, enfiados num pedaço de pano e colocado sobre as dores, como compressa. E passava. Havia unguentos para curar feridas, feitos de plantas do quintal.
Dona Mariquinha, esposa de Otávio Ramiro, sogra de meu irmão mais velho, benzia contra cobreiro. O cobreiro seria decorrente do contato de aranhas com a pena da gente, diziam. Ou da roupa por onde uma aranha passou. Experimentava de tudo: pomadas, álcool, vinagre e sei mais. Agente ia na Dona Mariquinha e ela, a seco, mandava baixar a calça e ia no ponto, geralmente nas partes íntimas. Com um pedaço de um mato qualquer, sei lá qual, ficava balançando aquilo e cochichando uma reza esquisita. Depois, mandava embora, sem cobrar nada. Era “missão”. No outro dia, o cobreiro estava seco. Comprovem os mais antigos, também viventes desse tipo de “medicina”.
Papai nos fez ingerir um copo de água com alho curtido, ali esmagado pela manhã e durável até a noite. Todos os dias. Todos. Reforçava as defesas do organismo. Por isso, até hoje, gripe custa muito a me pegar. Nem as comuns e nem as famosas.
Há, por certo, muitos depoimentos por aí sobre essas experiências dos tempos antigos. Muitas experiências. Tem quem saiba mais do que eu, certamente.
Digo isso tudo pra representar os melodramas atuais sobre tratamentos disso ou daquilo.
Me despeço aqui. Vou ali tomar minha água tônica com quinino. E passar pomada Minâncora numa pereba aqui.
Tchau.