Uma coisa típica do saudoso Evaldo Stopassoli, nosso diretor da Eldorado, era comemorar, todo ano, o Dia do Radialista homenageando os profissionais com um almoço. Normalmente, em uma churrascaria ou restaurante. Fomos algumas vezes ao Morro dos Conventos, até ao restaurante do Criciúma Clube. Numa dessas ocasiões, já com televisão e rádio acopladas nas nossas atividades diárias, ele contratou almoço na Churrascaria Bezerrão, na Seis de Janeiro, em frente à Praça do Imigrante e ao lado do então Cine Milanez.
Prato do dia: feijoada. O garçom designado para nos servir foi o Edgar. O Edgar era o mais famoso da cidade. Passou pelo Recanto de Kátia, Castelinho, o restaurante do Daltro Rabelo na Getúlio Vargas e por mais sei lá quais – e era chamado para grandes eventos.
Fã de Francisco Petrônio, um dia o artista foi ao meu programa na Rádio Eldorado, ao lado do Castelinho e, ao final, descemos e lá na calçada estava o Edgar olhando pra nós. Não resisti. Falei ao Petrônio do fã e ele fez questão de ir até lá. Convidado para um aperitivo servido pelo Edgar, foi e a turma toda sentou à mesa.
Iniciou uma conversa entre os dois e, num dado momento, após Edgar citar passagens de programas e músicas do artista e detalhar partes de sua trajetória, Petrônio arregalou os olhos e disse: “Bah, nem eu lembro mais disso”. Pois só digo isso para espelhar bem a personalidade inefável do Edgar.
E nosso almoço de comemoração do Dia do Radialista no Bezerrão ele se superou.
Na hora de cada um pedir bebida para acompanhar, o Claudisnei Constante, cinegrafista – que pode confirmar isso, pois disse que a lembrança ficou marcada indelevelmente -, resolveu perguntar ao Edgar se tinha maionese.
O Edgar fuzilou um olhar para ele: “O quê? Maionese com feijoada? Seu grosso!! NÃO TRAGO! Vai buscar se quiser!”
E o Claudisnei teve que ir, porque o Edgar não serviu e pronto. As risadas duraram muito tempo. Até hoje, quando, num desses encontros saudosistas da turma daqueles tempos, a história foi lembrada.