Tempos de TV Eldorado, lá no começo, ao redor do ano de 1980, montei um programa chamado “Rosa & Azul”, em que entrevistava três casais e entrevistava e apresentava também artistas (na imagem, uma das apresentações com o famoso grupo Genghis Khan).
Começava sorteando quem ficaria para as primeiras perguntas, cinco perguntas. Depois, voltariam maridos ou esposas para responder também e ver se as respostas coincidiam. Então, somavam pontos ou não.
Convidei o Manique (Algemiro Manique Barreto), então prefeito, e a esposa Dona Zulma. Convidados outros dois casais, mas não recordo quem eram. Ao convidá-lo, Manique me perguntou que tipo de perguntas faria. E eu disse: “Sobre as vidas de vocês, apenas”. Ele então tomou o cuidado de anotar nas mãos data de casamento, onde casou, coisas assim. Foi azarado: as únicas perguntas que não lhe fiz foram sobre isso.
Na primeira ele já engasgou. Perguntei-lhe se ele havia vindo de carro ou de carona. “De carro”, disse ele. E fuzilei a pergunta simples: “Qual a placa do seu carro?”. Ele arregalou os olhos, me fitou e foi obrigado a dizer: “Não sei”. Começamos a rir e respondeu as demais perguntas sem problemas sobre suas preferências à mesa, qual seu hábito ao levantar, etc, etc...
E então rodiziamos com Dona Zulma, com o Manique saindo do estúdio e indo para uma sala isolada com os demais maridos, sem monitor de televisão.
A primeira pergunta foi a mesma para Dona Zulma: “Perguntei ao Algemiro qual a placa do carro dele. A questão é: ele lembrou?”. Dona Zulma, conhecedora profunda do maridão, não teve dúvida: “Não lembrou”. Insisti: “Tem certeza?”. E ela foi definitiva: “Certeza absolutíssima”. E assim ganharam os pontos desta fase. A partir daí foram feitas perguntas às esposas, depois conferidas pelos maridos. Era a sequência do programa. Saudoso programa da TV Eldorado velha de guerra.
Note-se: a placa do carro do Manique era CR-5555.
Dr. Ney de Aragão Paz e os tempos de honra
Outro episódio. Vereador do MDB, o dr. Ney de Aragão Paz foi por mim entrevistado e revelou algumas coisas “perigosas” sobre a política e seu partido. Quase em tom de confidência, mas não pediu segredo. Ou o famoso “of the records”. Então publiquei. Deu um reboliço danado. Foram cobrar dele e exigir que me cobrasse responsabilidade. Ao falar sobre isso na tribuna da Câmara (que ficava na Galeria Bristot, primeiro andar), ele foi enfático: “Revelei ao jornalista informações reservadas, mas não lhe pedi segredo. Portanto, o erro foi meu. Ele fez o que deveria fazer, como profissional. E o que eu disse, está mantido”.
Tempos de honra.