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Meu sogro Noé

Na semana passada ele acabou falecendo

Por Aderbal Machado 27/04/2024 - 07:08

Semana passada falhei na coluna por uma razão desagradável: faleceu meu sogro.

Falarei dele. Noé Moraes Mariani, gaúcho, torcedor do Grêmio, motorista aposentado das carboníferas Criciúma e Catarinense (onde lidou com Miguel Medeiros Esmeraldino e Fidélis Barato como seus chefes), se foi aos 97 anos, após longo período de enfermidade e reveses provenientes da idade. No entanto, sempre teve vida saudável e tinha mobilidade e capacidade de trabalho. Morou conosco por 11 anos, em Criciúma, Jaraguá do Sul e em Balneário Camboriú. Depois, migrou para a casa da filha Beti, em Florianópolis. Antes disso, residiu sozinho num quartinho modesto no Bairro Monte Alegre, de Camboriú, sob nossos cuidados e por escolha própria.

Finalmente, os filhos Soraya e Carlos o levaram para Curitiba e lá viveu até morrer na sexta, 19 de abril, Dia do Índio. Seus vínculos conosco sempre foram muito fortes, até pela sua condição de homem só, dependente de viver com filhos e familiares.

Ainda recordo, e sempre recordarei, dos seus cuidados com nossa casa, remendando, consertando e criando coisas e cuidando dos nossos bichos – quatro caninos herdados do cunhado Carlinhos e uma cadelinha – Laica – adotada por nós ainda bebê em Jaraguá do Sul. Três morreram idosas – Brisa, Laica e Tara e um, o John Lennon, um fila enorme, teve uma doença grave e faleceu em Jaraguá do Sul. Desconfiamos ter sido por falta de espaço pra exercitar-se, embora Noé passeasse com ele e as demais todos os dias.

Essas coisas são inevitáveis em todas as famílias: entes queridos (animais de estimação inclusive)  que se vão e deixam um vazio. Sempre absorvemos obrigatoriamente, sendo difícil entender, sempre. A vida é tão simples e tão complicada de a gente mentalizar e compreender a natureza fatal: nascer, viver, morrer. Cabe um “né” sem nenhum voluntarismo e até com simplicidade.

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