Relembro alguns colegas lá dos tempos d’antanho – meu tempo de primícias – quando o esforço maior consistia em falar mais difícil, pra mostrar, em tese, inteligência, conhecimento, vocabulário rico. Na verdade, o hábito era redigir com um dicionário ao lado, buscando sinônimos para termos corriqueiros e, assim, “enfeitar” a escrita ou a narração.
Assim, médico virava “esculápio”, hospital era “nosocômio”, advogado era “rábula” ou “causídico”, tempo antigo era “priscas eras”, todo esforço maior era “hercúleo”, jogo encerrado era jogo com” cifras definitivas do marcador”, a prefeitura era “paço” (ainda usam hoje muito), algo mais notório era “conspícuo”, jornal semanário era “hebdomadário”, coqueluxe era “tosse comprida”, vermífugo era “remédio pras bichas” e o cara não muito urbanizado era “mandurico” (muito típica do Araranguá, meu torrão).
Há mais. Desafio à criatividade os meus seis leitores. Enfileirem outros e brinquem com a casualidade do momento.
Pois vejam a evolução. Amestrado profissionalmente por César, Aryovaldo e Agilmar, os jornalistas pioneiros da família, introduzi no meu estilo a realidade incontrastável: escrever bem é escrever simples, com objetividade, sem meneios e escapismos. E sem arrogâncias vernaculares. Enfim, sem contorcionismos. Ou sem “floreios”.
Porque, em verdade vos digo, escrever bem não é seguir regras conceituais de uma redação técnica. Escrever bem é fazer-se entender com clareza. De preferência, com atração de conteúdo. Enfim, bater na moleira. Leu, entendeu. E, tanto quanto possível, gostou.
Hoje a temática é esta. Estou divagando porque, na essência desses dias, com chuva vertendo por todas as cumeeiras e escorrendo por todas as coxilhas (minha veia gauchesca pretensiosa gritando por aqui), a visão de muitas terras é de susto e tristeza.
Valha-nos o Grande Arquiteto do Universo no amparo aos necessitados.