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O meu chão, a Boa Vistinha da aurora da minha vida no pijaminha de pelúcia, “à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais”

Por Aderbal Machado 15/04/2023 - 07:00

Casimiro de Abreu disse com uma quase exatidão em versos do seu poema sobre minha exaustiva sensação de saudade torpe e cruel de um tempo ido e vivido – que, sei, jamais voltará.

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

E, passados mais de 75 anos, chicoteia minha cabeça a vida no sítio da Boa Vistinha do Turvo, adquirido por papai para suas tertúlias e bucolismos tão adorados por toda a família. Terra de mamãe. Lá se conheceram. Em meio aos laranjais e à sombra das bananeiras. Quem sabe em tarde fagueira. Tenho registro fotográfico de lá. Ainda bebê, começando a ensaiar os primeiros passos, de pijaminha de pelúcia.

E aí, queira eu ou não, com um aperto no coração, ouço uma voz no fundo da alma, ditas por Gonçalves Dias:

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."

Vivo uma vida satisfatória. Bem vivida, digamos, com os percalços comuns a qualquer um e em qualquer lugar, na maravilhosa Balneário Camboriú, cidade densamente urbanizada e sólida.

Mas o meu chão...

Ah, o meu chão...

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