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Prometi não falar de política aqui, mas vou abrir uma exceção: a primeira e última

Por Aderbal Machado 16/12/2023 - 07:00

Tenho comigo uma ojeriza medular à temática política atual. Transgrediram tudo. Pisotearam sobre a herança dos grandes líderes nacionais ao longo do tempo. Sabemos, aqueles cuja vivência está plantada lá atrás, nos tempos de PSD e UDN – os originais -, quantos são os buracos cavocados ao longo do caminho e, no crepúsculo das realidades, chegarmos à triste culminância atual. Até os fanatismos d’hoje são doidos e exacerbados em demasia, porque pessoais, fratricidas, odiosos ao extremo, quase letais (alguns até o são).

Nos tempos de UDN e PSD havia radicalismos fortíssimos. Porém, na comparação com a baderna de siglas de hoje, sem qualquer estigma de lealdade interna e externa, aqueles radicalismos se resumiam, inclusive e no melhor sentido, à lealdade e à fidelidade aos princípios partidários e respeito e obediência aos seus líderes. LÍDERES, eu disse, LÍDERES.

Impensável, por exemplo, um pessedista ou um udenista votar num ou defender um adversário. Nem a família aceitava isso de algum parente. Nem de irmão. Nem de pai. Nem de mãe. Os pensamentos, obrigatoriamente, iam prum lado só. Ou era PSD ou era UDN. Se misturasse, fosse viver uma vida separada. De preferência muito longe. Respeitava-se a divergência. À distância máxima. Se fosse preciso ir pro confronto, se ia.

Havia pragmatismos, claro. Raríssimos e cuidadosos, de modo a não machucar o arcabouço da legenda. Lembram-se, em Criciúma, das lideranças antigas de PSD e UDN. Não nomino, pois a cidade os conhece historicamente muito melhor que eu. No Araranguá também. Em Florianópolis as trincheiras giravam em torno até do futebol. Rádio da UDN, rádio do PSD. Jornal da UDN, jornal do PSD. Time do PSD, time da UDN. Clube do PSD, clube da UDN.

Nas campanha políticos da década de 50, lembro bem e já falei disso aqui, permitia-se transporte de eleitores e refeição para eleitores. E então, eu vi com esses olhos que haverão de ser cremados, a cidade se dividir entre hotéis e restaurantes do PSD e hotéis e restaurantes da UDN. Sem misturas. Só o Vico Borges, do velho Hotel Imperial, ao lado de nossa casa na Praça Hercílio Luz, da UDN, vi aceitar clientes do PSD. Ao ser questionado pela heresia, foi, aí sim, pragmático: “O dinheiro deles vale igual”. Afinal, era apenas comida, não compromisso.

Pois naquele tempo pedra era pedra e pau era pau. Hoje não se sabe. Exceções raríssimas pululam por aí; tão raras que chegam a sumir na cabeça da gente. 

Dizia-se (traduzindo para hoje): se alguém vendesse apoio em troca de cargo, dinheiro ou qualquer outro tipo de benefício “não se elegia mais nem pra inspetor de quarteirão”. Hoje se diz “nem pra síndico de prédio”.

Há uma prostituição ético-política por aí na atualidade, nos legislativos e executivos de todos os níveis. Só falta o balde com a luz vermelha dentro à frente, para chamar mais atenção. Vergonhoso.
E juro de patas juntas – as quatro: nunca mais repetirei temática política aqui. E cumprirei: não sou político.

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