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A realidade das mulheres no Dia da Mulher

Por Ananda Figueiredo 07/03/2022 - 12:35

Guerreira.
Forte.
Poderosa.
Incansável.
Insubstituível.

Lá vem o dia 8 de março e os seus maravilhosos jargões anuais colecionáveis que habitam da campanha publicitária ao cartão que acompanha a rosa distribuída pelo setor de RH.

Nós agradeceremos pelas mensagens. Posaremos com os presentes. Acenaremos, como boas e belas que somos. Distraídas, ou em plena negação, nos agarraremos às carícias sem perceber as correntes que renovarão nosso laço com as pesadas bolas de ferro que carregamos cotidianamente.

Guerreira.
Forte.
Poderosa.
Incansável.
Insubstituível.

Da repetição do reconhecimento interesseiro, criamos nossos próprios bordões – que mais parecem justificativas para nós mesmas, a fim de não perdermos o pequenino posto de poder. O meu preferido é: "se eu não fizer, ninguém faz". Você já reparou no que isso diz? "Eu sou insubstituível". Me lembro imediatamente da cena clássica da pessoa que, num calor de 40°, encontra vazias a jarra d’água e a bandeja de gelo. Na falta, preenche. Enche jarra, enche bandeja e... a encontra igualmente vazia na próxima vez que for buscá-la. Ora, que razões a pessoa que encontra sempre água fresquinha tem para encher a jarra? Desse jeitinho, a gente se torna rapidamente a pessoa insubstituível para a tarefa de garantir água geladinha, mas nunca pode beber dela.

Na psicanálise, entendemos que recebemos uma pessoa em análise quando o que ela ganha com o sintoma – neste caso, os biscoitos pela sua existência sobre humana – se torna menor do que o que ela perde – exaustão, burnout pela sobrecarga na divisão de tarefas, adoecimento. Que a gente não se deixe sangrar e morrer em troca de bombonzinhos uma vez ao ano.

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