A Organização Mundial da Saúde publicou, no início deste ano, os números da depressão no planeta. Segundo o documento, 5,8% da população brasileira possui algum transtorno depressivo. O número está acima do percentual da população mundial, que é de 4,4%.
Ainda de acordo com a OMS, a depressão é a doença que mais contribui com a incapacidade no mundo - em cerca de 7,5% dos casos de afastamento do trabalho, a depressão é a causa. Ela é também a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano em todo o planeta.
Ainda assim, a depressão ainda é um tabu na sociedade. Não raras vezes recebo no consultório pessoas que sofrem com a doença há anos, mas não buscaram ajuda porque sempre ouviram que "depressão é frescura", que "é falta de trabalho" ou que "é só se ajudar, se animar, pensar positivo, que passa". Estes preconceitos sociais apenas distanciam as pessoas que sofrem de seu tratamento, além de causá-las ainda mais sofrimento pois, na tentativa de atender ao que ouvem, frustram-se ainda mais e, com frequência, sentem-se ainda mais fracas e incapazes de superar sua dor. E é neste momento que o suicídio aparece como uma alternativa para acabar com seu sofrimento.
Vamos imaginar (e espero que isso nunca aconteça de fato) que seu familiar quebrou uma perna. Como você o trataria? O que o recomendaria fazer? Suponho que não diria que ele é "louco" por ir ao ortopedista, certo? De igual maneira, presumo que você não acredite que pensamento positivo é capaz de calcificar o osso. Por que, então, fazemos estas falas com quem está com depressão?
Digo isso porque, se quase 6% da população brasileira têm depressão, é bem provável que você conheça alguém que sofre com esta doença. Esta pessoa precisa de você, mas não precisa de seu julgamento. Se quebrasse a perna, precisaria que você a levasse à um ortopedista; com depressão, precisa que a leve à um psicólogo. Ofereça transporte, seu abraço, seu colo, seu suporte e o que mais lhe convir, desde que a faça bem. Só não a ofereça mais problemas.