Você quer dormir, mas o vizinho está oferecendo uma festa: "ele é um mal educado!". Você precisa pôr um parafuso na parede, mas já é tarde da noite: "que reclamão, foi rapidinho!"
Você bebe uma cervejinha, dirige e é parado na blitz: "essa polícia não tem mais o que fazer?". Alguém bebe, dirige e comete um acidente: "cadê a polícia?"
Você é casado e é infiel com sua parceira: "tenho minhas necessidades". Sua esposa lhe trai: "aquela %$&*#&"
Você tem horário agendado e o médico atrasou: "que absurdo!". Você agenda horário e desistiu de ir à consulta: "ah, pra que avisar?"
Você casou grávida, escondida da família: "coisa da época, né?". A menina da sua rua engravidou: "onde já se viu engravidar com essa idade?"
Você está atrasado e dirige apressadamente, cortando os carros: "só dessa vez". Você está dirigindo e alguém lhe corta: "barbeiro!"
Você recebe um bilhete da escola dizendo que seu filho tem se comportado mal e solicitando sua presença: "a professora está implicando com meu filho!". Seu filho vai para casa com uma mordida no braço: "as professoras nunca fazem nada!"
Você espera que alguém cumpra algum combinado, mas isso não acontece: "que irresponsável!". Você esquece de fazer algo combinado: "é a correria!"
Esta lista poderia ser infinitamente mais longa, mas não é necessário. E sim, eu sei que isto não acontece com você. Mas, sabe aquele seu amigo? Aquele que você conhece muito bem? Aquele que habita a sua consciência, sabe? Pergunte para ele: quais são os relativismos que você tem utilizado para justificar as suas falhas? Com a resposta, durma e acorde amanhã com a lembrança de que a régua do certo e errado é única quando se convive em sociedade. E mais: ela não é elástica. Afinal, não é disso que você reclama quando olha para cima e vê a situação do país?