Deixe-me dar um palpite:
Você passou a infância brincando só depois de lavar a louça, encontrando os amigos só depois de deixar o chão brilhando.
Acertei?
Foi assim com toda uma geração. No combo, vinha também o aprendizado de que seu valor é medido pela sua capacidade de "dar conta" - da tarefa, do armário do quarto, das boas notas da escola, da vida.
E você cresceu.
Cresceu o bastante para aumentar sua lista de afazeres, mas não o suficiente para perceber-se grande a ponto de ocupar todos os espaços de si: os das obrigações, mas, veja só, também os de prazer.
E você cresceu.
E, neste mundo de gigantes, se convenceu de que é preciso fazer muito, fazer tudo, e, quem sabe, se houver um depois, brincar de viver.
Que jeito interessante de te paralisar.
Estas palavras são para te lembrar que você cresceu, e que isso não significa somente mais responsabilidades. Crescer também significa mais autonomia.
O trabalho doméstico não acaba.
Haverá outra pia cheia de louça amanhã. Outra pilha de roupas no sábado.
E só há um agora te convidando para a vida.
A g o r a