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Que tanto estamos nós preocupados com a harmonia?

Por Ananda Figueiredo 17/03/2022 - 16:35 Atualizado em 17/03/2022 - 16:44

Breve passada pelo feed das redes sociais e o bombardeio me ataca. Não falo da Ucrânia ou das outras tantas guerras cujos soldados têm corpos com mais melanina e, portanto, nem mesmo os nomeamos. Falo do bombardeio de ofertas e relatos de pessoas que pagaram pela harmonia. Não falo da harmonia em seus lares, não falo da harmonia familiar, não falo da harmonia entre nações ou sobre as crises humanitárias. Falo do que me falam:

Harmonia da face. Harmonização facial.

Curiosamente, enquanto escrevo este texto, o software que recebe minhas palavras insiste em corrigir "facial" para "fácil". Em tempos tão caóticos, pode mesmo parecer mais fácil conquistar a harmonia pela via do “meu bolso, minhas regras”. Para além do que a inteligência artificial me indica de caminho, sigo a fim de saber mais sobre a harmonia prometida: disfarçar marcas do tempo. Rejuvenescer. Corrigir o sorriso. Paro aqui, mas insisto na palavra. Sabendo que o Aurélio diz que harmonizar é igual a estar em concordância, me pergunto em concordância com quem ou o quê está a face rejuvenescida, ou mesmo qual desarmonia guarda um sorriso discordante (de quem ou o que, não sabemos – ou será que sabemos?).

Encerro este breve texto com uma provocação: disfarçar para literalmente caber no que se diz sobre seu corpo e, assim, sua forma de existir no mundo, seria garantia de harmonia ou de cárcere?

Ouça este comentário no podcast do 4oito. Ananda Figueiredo participa do programa Ponto à Ponto, com Pity Búrigo, todas as sextas-feiras na Som Maior.

 

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