O bebê sentou sozinho – click. Se lambuzou de papinha – click. Primeiro dia de escola – click.
Se, quando éramos crianças, os registros da infância eram guardados como preciosidades raras em empoeirados álbuns de família, hoje é fato que ganharam um novo espaço: as redes sociais. Acrescenta-se ai a facilidade, agilidade e gratuidade do ambiente virtual e pronto, já não é mais necessário esperar por uma ocasião especial.
A prática de compartilhar fotos dos filhos nas redes sociais se tornou tão popular e comum que ganhou até nome: sharenting, neologismo que resulta da fusão de duas palavras do inglês que significam "compartilhar" e "pais". Com o crescimento da prática, cresceram também as pesquisas sobre o sharenting, a exemplo de uma publicada recentemente, realizada nos EUA, que concluiu que 96% dos usuários do mundo compartilham suas informações na internet e 66% dos pais e mães postam nas redes sociais fotos e vídeos de seus filhos. Considerando que recentemente, o facebook anunciou que chegou ao incrível número de 2 bilhões de usuários - ou seja, 26% da população mundial - parece que misturar a vida real com a digital já é um caminho sem volta. Mas, então, como podemos agir para que não seja necessário abandonar as redes sociais, mas sem colocar nossos filhos e filhas em risco?
Primeiro: evite mostrar detalhes da rotina de seus filhos, especialmente se a foto revelar muitas informações, como o uniforme com o nome da escola, os horários de chegada e saída, a selfie em frente a placa com o nome do prédio em que mora. Os check-ins também são reveladores e podem indicar onde as crianças estão e - ainda mais perigoso - quando estarão sozinhas.
Além disso, parece óbvio, mas não é: jamais poste fotos de partes ou situações íntimas. Eu já vi postagens de fotos de crianças usando o vaso sanitário pela primeira vez ou até tomando banho (eu sei que você deve ter uma foto tomando banho, mas é bem provável que ela esteja guardada em segurança dentro de sua caixa de fotografias). Em grupos virtuais de mães, voltados inicialmente para a troca de opiniões e experiências, é comum ver fotos de genitais de crianças acompanhadas de pedidos de informações sobre assaduras ou outros problemas de pele. É simples dizer que essas fotos podem cair em mãos erradas e, assim, receber conotação maliciosa. Além do que, será que, no futuro, essa foto não poderá servir de chacota para seu filho?
Se a vontade de dividir um momento fofo de seu filho ou filha é incontrolável, tudo bem! Mas que tal postá-la no grupo da família ou então definir melhor a privacidade da postagem - apenas entre familiares e amigos próximos, por exemplo? Eu sei que seu filho é a criança mais linda e encantadora do mundo e que você quer que todos saibam disso, no entanto, será que vale o risco de nos tornarmos os criadores de situações constrangedoras ou perigosas para nossas crianças?