O escritor Patrick S. Tomlinson compartilhou em suas redes sociais uma pergunta bastante interessante. Trata-se de um “experimento do pensamento”, de forma que você precisa confrontar o pior cenário possível, sem poder mudá-lo. Vamos a ele:
Imagine a seguinte situação: você está em uma clínica de fertilidade. O alarme de incêndio toca. Você corre para a saída de emergência. No caminho, você ouve uma criança gritando por trás de uma porta. Você abre a porta e encontra uma criança de cinco anos chorando por ajuda. No outro lado da sala, você detecta um recipiente congelado rotulado como “1.000 embriões humanos viáveis”. Neste ponto, a fumaça está aumentando. Você começa a sufocar. Você sabe que você só terá tempo de salvar um ou outro, mas não ambos, antes de sucumbir a inalação de fumaça, desmaiar e morrer, não salvando ninguém. Você: a) salva a criança, ou b) salva os mil embriões? Importante dizer que não há “c)" - a única outra alternativa é que todos morrem.
A questão de Tomlinson é extremamente pertinente em tempos de PEC 181 (aquela que criminaliza aborto até mesmo em casos de estupro). O escritor afirma que aqueles que acreditam que a vida começa na concepção e que as mulheres não devem poder abortar porque isso é o equivalente a um assassinato, seriam coerentes apenas se escolhessem salvar os mil embriões, já que salvariam mil pessoas, ao invés de uma. Agora, aqueles que não acharam a questão nem um pouco complicada, provavelmente salvariam a criança de cinco anos, afinal não consideram os embriões bebês.
Aqui não tem certo e errado, então não se preocupe de parecer cruel caso sua resposta seja "B". Afinal, muitos já soam cruéis quando argumentam que vítimas de estupro devem ser forçadas a dar à luz os bebês de seus atacantes. O que importa aqui é a reflexão e, felizmente, este é só um exercício mental. E então, qual seria a sua decisão?