Neste dia, muito lamento o desaparecimento de figuras que marcaram – e muito – nossa pátria e nossas vidas.
Joaquim José da Silva Xavier morreu nesse dia, da forma como a história friamente revela: enforcado, esquartejado, seus despojos jogados por aí. Era 21 de abril de 1972. Morreu, dizem, porque faltou-lhe (e há quase uma unanimidade em torno dessa tese), um hábil advogado. Fosse hoje, Milton Beck & Filho, postos a cuidar da lide, outro teria sido o desfecho desta tragédia do final do século 18.
Tancredo de Almeida Neves, falecido em 21 de abril de 1985, morreu, assegura-se, porque lhe faltou um bom médico. Há um livro que tenta demonstrar essa tese. Tancredo queria porque queria assumir a Presidência da República. Mais que um sonho seu, era o sonho da nacionalidade, coroando o fim do último e melancólico governo militar, do general Figueiredo. Pobre Tancredo, vítima das artimanhas da teia política engendrada nos corredores palacianos do Planalto.
Dizia-se que o sonho principiara no Rio, quando da morte de Getúlio Dornelles Vargas. O presidente preparava-se para seu derradeiro sono, entregando a Tancredo uma caneta de ouro. Teria proferido frase muitos anos depois aproveitada em canção do Rei Roberto Carlos:
- Para um amigo certo nas horas incertas!
Ninguém ainda conseguiu explicar como Tancredo chegara a ser amigo de figuras tão contraditórias como Getúlio e Jango. Nem se sabe como chegou a ser advogado, e mais do isso, a político hábil e conciliador. Diz-se que tentou um cargo na Marinha de Guerra do Brasil. Era um concurso com 20 vagas. Tancredo chegou em 25º lugar. Alguém enxergou nele a figura de um médico promissor. Lá foi ele enfrentar um exame vestibular. Eram 100 vagas e Tancredo chegou em 125º lugar. Foi quando decidiu que seria advogado. Aí, levou a vida que todos sabemos: vereador em São João Del Rei, deputado, governador, 1º ministro, senador e – afinal- Presidente da República. Eleito, não chegou a assumir o cargo. Apesar disso seu retrato está lá entre os presidentes, com a concordância de todo o nosso mundo político.
Curioso que Tancredo cinzelou uma frase:
- No Brasil não basta ganhar uma eleição, é preciso garantir a posse!
Pouco depois produziria outra, destinada a ser (mas não foi) seu epitáfio:
- Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves...
A família não permitiu.
E assim chegamos ao último herói de minhas vidas passadas, talvez o maior oftalmologista que nosso país tenha produzido, Joviano de Rezende Fº, um dos fundadores do grupo carioca, OCULISTAS ASSOCIADOS, grupo ainda atuante após 38 anos do falecimento de um de seus 2 líderes.
Assisti ao seu enterro, no Rio de Janeiro. Sílvio Provenzano, um dos componentes do grupo de oftalmologistas ASSOCIADOS veio até mim para confidenciar:
- Sabe que em São Paulo estão levando para mais uma cirurgia abdominal o Tancredo?
Não sabia e perguntei a Provenzano:
- Nossa! Coitado... Mas do que vão operar o homem?
- Do ouvido!
Estranhei. Perguntei porque tão extemporânea cirurgia.
- É porque ele está surdo! Jesus tá chamando a ele faz horas e ele nada!