A 3 de novembro de 1994, sendo prefeito de Criciúma o médico-cardiologista Eduardo Pinho Moreira, nossa cidade estava na rota de eclipse solar total, o último do século.
Éramos um dos melhores locais do mundo para observar o fenômeno, pela duração do eclipse. Iniciando-se às 9 horas, 44 minjutos e 4 segundos, o término total seria às 12 horas 22 minutos e 32 segundos. Precisão astronômica! Então, do início ao fim seria 4 minutos e 3 segundos.
O doutor prefeito incumbiu a Fundação Cultural de Criciúma de cuidar de tudo que se referisse ao fenômeno: dos cuidados oculares da população à recepção dos especialistas que certamente aqui acorreriam com seus instrumentos e publicações.
Se a cobertura resultasse em fracasso certamente a responsabilidade seria minha. Como tudo ocorreu como planejado, nada se noticiando ..., população e imprensa ignoram solenemente (e até hoje) os autores dos eventos paralelos ao espetáculo celestial e que tanto trabalho significaram para a FCC.
PREPARATIVOS PARA O EVENTO
O Projeto foi desenvolvido pela Divisão de Turismo da FCC.
No início tratava-se de informar nossa população dos cuidados a tomar visando sua segurança e integridade ocular na observaão do raro fenômeno astronômico.A divulgação e distribuição do material educativo iniciou-se seis meses antes, nos eventos AÇÃO MUNICIPAL e AÇÃO GLOBAL. Na verdade, principiou um pouco antes, em 24.03.1994, com as primeiras reuniões de funcionários municipais, voluntários e interessados outros.
A FCC enviou funcionários seus a Chapecó, Americana (SP) e Rio de Janeiro, mantendo assim, os primeiros contatos com autoridades em Astronomia. Meses depois, em agosto, realizamos o curso Jornalismo em Ciências e Tecnologia que atraiu 46 órgãos da imprensa no sul de SC. A Comissão Executiva ECLIPSE 1994 da Sociedade Astronômica Brasileira elaborou a cartilha do Eclipse.
Como se sabe, durante os eclipses, fixar o que é visível do sol, oculto pela lua nos eclipses totais, pode provocar lesões oculares irreversíveis e que prejudicarão a visão do incauto observador pela vida. Sendo eu oftalmologista, diretor-presidente da FCC e responsável por informar e levar nossa população a informar-se e cuidar da visão, passamos a organizar um programa que abrangesse todos os aspectos da indispensáavel proteção.
Prefeitura e FCC distribuiram nos meses que antecederam o eclipse solar, panfletos com essa finalidade. Nossa posição geográfica atraiu o interesse e depois a presença de astrônomos do mundo inteiro.
Entre os voluntários do trabalho executado pela FCC é imprescindível destacar o trabalho de Guiomar Back, astrônoma amadora. Ela era esposa do Pediatra Solon Back, médico graduado pela primeira turma formada na UFSC. Ele clinicou por longos anos em Criciúma, na sua especialidade e no Hospital São José, migrando mais tarde para Florianópolis.
O Professor Luiz Carlos da Silveira do Departamento de Engenharia Agrimensura da UNESC, elaborou um impresso: Fundamentos de Astronomia, Eclipse de 03.11.1994, além de distribuir na população filtros solares em grande quantidade.
A jornalista Adilamar Rocha, Diretora de Eventos da FCC e que dirigia a Casa da Cultura na Praça Nereu Ramos, passou a colaborar com as atividades astronômicas desenvolvidas no período. Juntaram-se a ela Liline Motta da Silveira (Diretora Superintendente Executiva da FCC), Gilberto João de Oliveira (Diretor Administrativo e Financeiro da FCC), Sayonara Meller (Diretora de Ação Cultural da FCC), Dr. Edson Miguel de Souza (Diretor de Turismo da FCC).
RESUMO E RESULTADO DAS AÇÕES
Todas essas ações e cuidados foram divulgados à exaustão pela nossa imprensa (rádio, TV, jornais, revistas, festas populares, eventos) que neste mister, se houve com excelência. Acredito que, pela vez primeira na história, não foi registrado nenhum caso de retinopatia solar neste tipo de eclipse.Trata-se, parece-me, de fato virgem na história dos eclipses totais de sol: não se registrou nenhum caso de lesão na retina pela observação do eclipse!
Atenção Turma do Portal: quem sabe aí quais são os riscos oftalmológicos de olhar o fenômeno astronômico eclipse solar total?
Oftalmologistas alertam: olhar diretamente para o eclipse pode causar diminuição permanente da visão central relacionada à retinopatia solar. Até agora, não existe tratamento conhecido para essa condição, por isso a prevenção é muito importante.
Um estudo de entidade internacional revelou que apenas 53% dos principais jornais europeus mencionaram risco para os olhos e apenas 42% descreveram medidas seguras para ver o evento. Nossa atuação enquanto órgão admistrativo municipal foi, portanto, exitosa.
Para 2017, a American Society of Retina Specialists publicou documento com orientações para observar o fenômeno com segurança. Entre elas, uso de lentes com filtros especiais ou de um projetor especial.
A observação do eclipse solar é a causa mais comum de retinopatia solar. A condição se caracteriza por lesões maculares (no local do olho de melhor visão), causadas por fototraumatismo em indivíduos que olham diretamente para o sol. A lesão nos olhos pode desaparecer espontaneamente entre 1 e 2 semanas após a exposição. No entanto, a recuperação parcial ou total da acuidade visual pode levar meses e até não ocorrer.
Os sintomas podem surgir logo nas primeiras horas pós-exposição: diminuição da visão, cefaleia, perda total ou parcial da visão e dificuldades para enxergar pontos próximos. Em alguns casos, os olhos acometidos podem apresentar sequelas permanentes.