Florianópolis somente teria uma Central de Transplantes de Órgãos no final de 1999, mas, o primeiro transplante de córnea data de 14.05.1972 e foi realizado pelo SUS por uma equipe constituída pelos doutores Henrique Packter (cirurgião oftalmólogo), Boris Pakter e David Groisman Raskin (oftalmologistas), Sérgio Luiz Bortoluzzi (anestesista), Maria Formentim Fernandes, circulante.
Em 1998, os TC tinham listas de espera regionalizadas, Criciúma tinha a sua. Isso significa que córneas captadas na região eram implantadas na região. Graças a ALMIR FERNANDES DE SOUZA e ELIANA ANDRADE um Banco de Olhos virtual coletava córneas, principalmente no IML. O trabalho do Banco de Olhos era executado por esses dois abnegados voluntários e, também por mim. Com o tempo, outros voluntários se incorporaram, temporariamente, a nós.
O Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, ativado a 02.03.1987, iniciou atividades oftalmológicas sob direção dos Drs. Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha, em 01.10.1987. Em 1993 e 1997, SC adquiriu aparelhos de laser e microscópio cirúrgico.
Em 15.9.2007, viajando a Florianópolis a trabalho, sofri grave acidente automobilístico tendo de interromper meu trabalho e em especial cirurgias de TC e de Descolamento de retina, as mais trabalhosas. Na minha lista de candidatos a transplante de córnea constavam, então, 34 candidatos à cirurgia. Em 8.1.2008 solicitei à Central de Transplantes que não mais remetessem córneas para TC tendo em vista minha situação quanto à saúde. Em 7.8.2009 e 12.8.2009 minha secretária alertou a todos os inscritos do que ocorria. Já em Fev /2010 a Central de Transplantes comunica a todos, por carta que devem migrar para outra equipe transplantadora, nos seguintes termos:
“Informamos que esta equipe (do HSJ) está indisponível para a realização de TC, sem previsão de retorno às suas atividades e que o senhor poderá solicitar transferência de sua equipe em outro serviço de transplante sem prejuízo de tempo em lista, para isso deverá marcar consulta médica com oftalmologista credenciado a uma equipe do estado”.
DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTE
O SNT, concebido a partir do disposto no artigo 199, # 4º da Constituição da República, encontra-se estruturado na Lei nº 9.434/97 (Lei dos Transplantes) a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e, particularmente pela Portaria MS 3.407 de 05/08/98. (...)
Esta portaria ainda não surtira efeitos em SC, nem a CENTRAL DE TRANSPLANTES estava em operação em 7.2.1998.
“... o motivo para a não realização do procedimento foi a indisponibilidade do profissional transplantador no HSJ que se deu a partir de janeiro de 2008” (bilhete de 8.1.08). “Importante ainda asseverar que os pacientes do HSJ, sob a responsabilidade do Dr. HP, estavam inscritos para procedimentos eletivos (não urgentes)...”
0 decreto 4.02.1997– Lei 9.434 regulamentada pelo Decreto 2.268 de 30.6.1997 cria o SNT e as Centrais Estaduais de Transplantes com listas de espera regionalizadas, lista única, sendo as normas estabelecidas em Portaria nº 91 de 23.01.2001. A Lei do Transplante (9434, Fev/97), iniciativa do Legislativo, sem participação do Ministério da Saúde e associações médicas, adota consentimento presumido para doação de órgãos: se em vida não tivesse o falecido expressamente declarado que não era doador, sua córnea poderia ser removido.
Nunca adotamos este procedimento. O BOC apenas removia córneas com a concordância dos familiares.
Desta forma, SC que vira seu primeiro transplante de córnea ser executado com sucesso em 14 de maio de 1972, veria em 07.2.1998 quando essas regulamentações ainda não se achavam implantadas no país a Portaria do Ministério da Saúde nº 263, 31.3.1999 e Portaria nº 905 de 16.8.2000 criar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes de órgão.
SC TRANSPLANTES
Criada por Decreto Estadual (21.9.1999), credenciada pelo Ministério da Saúde (27.10.1999), foi inaugurado em 16.12.1999, 27 anos depois do transplante pioneiro. Muitos transplantes de córnea foram realizados em SC neste período, antes que houvesse qualquer tipo de legislação contemplando essas cirurgias!
Por isso, MEUS Transplantes de Córnea, REALIZADOS ATRAVÉS DO SUS NUNCA FORAM REMUNERADOS APESAR DE, EM VÁRIAS OCASIÕES, EU TER RECLAMADO DA SITUAÇÃO, INCLUSIVE DIRIGINDO-ME PESSOALMENTE À CENTRAL DE TRANSPLANTES EM FLORIANÓPOLIS, ÀS VEZES ACOMPANHADO PELO DELEGADO ALMIR FERNANDES DE SOUZA E UMA VEZ COM ELIANA ANDRADE, DIRETORES DO BANCO DE OLHOS VIRTUAL DE CRICIÚMA.
MANCHETES
O ESTADO de 27.10.1981 (terça-feira). SC GANHA O SEGUNDO BANCO DE OLHOS. É EM CRICIÚMA EM 23.10.1981.
FAZIA QUASE 10 ANOS DO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE CÓRNEA NO ESTADO.
“CRICIÚMA – em solenidade realizada na noite de sexta-feira, 23 de outubro, a criação e consequente fundação de um Banco de Olhos na região da Bacia Carbonífera foi oficializada, estando presentes ao ato todos os integrantes da primeira diretoria efetiva da entidade. Segundo Desidério Meller, o DÉIO, presidente do Banco de Olhos de Criciúma, a reunião teve por objetivo oficializar a formação desta primeira diretoria “que irá permitir a estruturação e funcionamento do Banco”.
“A finalidade dessa iniciativa, aliás a segunda do Estado catarinense, o primeiro ‘Banco de Olhos” já funciona em Joinville, é a de permitir o aproveitamento de córneas doadas voluntariamente e que possam da mesma maneira virem a ser doadas a pacientes carentes desta matéria;” “não vai se falar em comercialização de córneas de forma alguma” advertiu Meller: “esta iniciativa precisamente visa recolher, aceitar doações para posteriormente doá-las a quem tiver necessidade, o nosso ponto de vista”. Por ora o BOC conta apenas com relação de pacientes carentes, cerca de 50 nomes. Esse número disse o presidente do BOC ‘já passa a servir de meta para que venhamos a obter tão logo possível a quantidade de córneas suficientes para o devido transplante’.
Meller garantiu que a intenção da diretoria do BOC é a de “estender a sua utilidade a toda a Região carbonífera e se for possível até o extremo sul do Estado. Esta é inclusive o nosso ponto de partida.” “Mas, a partir do momento em que nosso estatuto assim como a entidade estejam já regularizados haveremos de requerer a sua utilidade pública no âmbito municipal, estadual e federal, onde poderemos conseguir recursos que assegurem o total funcionamento do BOC” (...)
A diretoria do BOC é composta por Desidério Meller - presidente, Otto Luiz Farias - vice e gerente do BESC, Henrique Packter - diretor médico, Anilton Antonelli- vice-diretor médico, Carlos Augusto Borba - secretário, Orlando Nicoladelli - vice-secretário, Aires Dal Pont - tesoureiro, Pedro Milanez - vice-tesoureiro. A assessoria jurídica da entidade está com Benedito Narciso da Rocha. Paralelamente, está se constituindo um Conselho Técnico a ser composto pelos demais oftalmologistas da região”.
Desdidério Meller é de 22.4.1919. Casado com Laura Neves Meller foram pais de Leatrice, Roberto e Beatriz. Já fora proprietário de Loja de calçados associado a Antenor Longo e Mário Carneiro. Com Balthazar Gomes criou a Agência Ford em Criciúma. Depois, ocupou por longos anos atividades securitárias, fiscal de tributos estaduais. Aposentado em 1970 era Maçon. Foi fundador da loja Presidente Roosevelt, e do Rotary. Faleceu em 8.11.1997.
BENEDITO NARCISO DA ROCHA – Nascido em União, Piauí em 28.04.1919, era casado com Amélia Alygia Tonon e pai de Eduardo, Paulo Henrique e Maria das Graças. Advogado e professor, fixou residência em Criciúma,1958. Na área jurídica prestou assistência a entidades públicas e privadas em Parnaíba (PI), Carlópolis, Imbituva e São José dos Pinhais (PR) e Criciúma. Professor e diretor em Recife, na FUCRI foi Diretor Administrativo. Fundador das CNEC (Escolas da Comunidade), presidente da APAE, sócio e diretor do Círculo Operário Criciumense, membro do Rotary e da Loja Maçônica Presidente Roosevelt e da Associação Ecológica Mina Verde. Cidadão Honorário de Criciúma (29.7.1972). Faleceu em 09.03.1994. (CONT)