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A incrível história do peão que laçou um avião... em pleno voo!

Por Henrique Packter 30/11/2020 - 08:28 Atualizado em 30/11/2020 - 08:43

"Nada nos pode parecer mais estranho do que a notícia de que um homem tenha laçado um avião. A vontade que a gente sente é de duvidar. Mas, a verdade é que a extraordinária façanha aconteceu no pampa gaúcho, em Tronqueiras, na rica fazenda de Arroio do Só, município de Santa Maria."

(Abertura da reportagem de 3 páginas, publicada n’O Cruzeiro, em 23.2.1952, assinada por Cláudio Candiota).

Há 68 anos atrás, inacreditável acontecimento colocou Santa Maria no mapa do mundo. Felizmente não foi nenhuma tragédia como esta mais recente da boate Kiss a responsável pela súbita notoriedade.

Irineu Gabriel Noal

Causou o reboliço meu colega do 2º ano científico do Colégio Santa Maria, Santa Maria, RS, Irineu Gabriel Noal. Avançava na escola com grande dificuldade, demonstrando pouco apetite para o estudo. Deu-se por satisfeito com a conquista do término deste segundo ano científico, não prosseguindo os estudos. Não ingressou em nenhum curso superior, que se saiba.

Lembro-me dele, falando sem olhar o interlocutor nos olhos, cigarro preso em dois dedos em pinça da mão. Acompanhava a fala desenhando (com o cigarro), semicírculos rápidos e nervosos no ar, na linha da cintura.

Era alto, moreno, cabelos crespos, lavados. Irineu, pilotando um teco-teco foi laçado por um peão de fazenda, justo quando recente tragédia aérea aconselhava prudência aos aeronautas. Em 12.7.1951 um avião das Linhas Aéreas Paulistas chocou-se com uma árvore a 3 km do aeroporto de Aracaju. No acidente morreram 32 pessoas entre passageiros e tripulantes.

O começo

Irineu voava num dia de janeiro de 52 para demostração, para impressionar a filha de rico e influente estancieiro. Teve sorte de ser apenas laçado. E se o pai da moça resolvesse atirar contra o imprudente piloto do monomotor que realizava rasantes em sua propriedade?  E se o peão-laçador mantivesse o laço preso nas mãos? Irineu foi notícia na imprensa mundial merecendo reportagem de destaque  n’O Cruzeiro, nº 19 (23.02.1952), a mais importante revista do país.

A imprensa da época

O José Adelor Lessa de então

Tarde de janeiro de 1952, o jornalista Cláudio Candiota, diretor do jornal A Razão, de Santa Maria, foi procurado em sua sala pelo comandante Fernando Pereyron, do aeroclube da cidade. O visitante trazia uma notícia de impacto, mas não queria sua divulgação. Pelo contrário, queria escondê-la. Temia causar prejuízo à imagem da escola de pilotagem sob sua responsabilidade, no aeroporto de Camobi. 

Quem era Fernando Pereyron Mocellin?

Herói da IIª Grande Guerra, foi Aspirante Aviador da Reserva, convocado durante o conflito. (Nome de Guerra: Mocellin). Era filho do joalheiro João Pereyron Mocellin. Nasceu em 20.06.1922 em Santa Maria e faleceu a 05.06.2001 (78 anos) em POA. Escreveu Missão 60, relatando sua preparação para combate na Segunda Guerra  Mundial, assim como algumas de suas 59 missões de combate. Para ele, a 60ª missão foi escrever o livro onde narra suas vivências da guerra. Apresentou-se ao 1o Grupo de Caça em Suffolk, vindo de uma escola de caças americana. Piloto de combate de esquadrilha, sua primeira missão foi em 12.11.44 e a última em 01.5.45. Ferido em combate por estilhaço da artilharia inimiga durante sua 24º missão em 02.1.45, foi promovido a 2o Tenente, 19 dias depois.

Recebeu várias Condecorações: Cruz de Sangue, Cruz de Aviação com 2 estrelas, Distinguished Flying Cross(EUA); Campanha da Itália, Air Medal 2 palmas (EUA); Presidential Unit Citation (EUA).

Pouco tempo após regressar ao Brasil pediu baixa da FAB, e voltou para Santa Maria e  para trabalhar na Joalheria do pai.

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