Em 1959, ano em que me formei em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, ganhei uma bolsa de 3 meses para estagiar na Santa Casa de Misericórdia de Santos/SP, Serviço de Oftalmologia.
BRÁS CUBAS
Português nascido na cidade de Porto, dezembro de 1507, faleceu na mesma cidade a 10.03.1592; foi fidalgo e explorador português. Fundador da vila de Santos (hoje cidade) governou por duas vezes a Capitania de São Vicente (1545-1549 e 1555-1556). Teria também fundado Mogi das Cruzes,1560.
Chegou ao Brasil em 1531, aos 25 anos, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, fundador da vila de São Vicente. Em 1536, recebeu sesmarias na recém-formada Capitania de São Vicente, onde desenvolveu a agricultura da cana e montou engenho de açúcar. Chegou a ser o maior proprietário de terras da baixada Santista, fundando porto, capela e hospital - a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos (1543), origem da vila, atual cidade de Santos.
Melhor localizado que o porto de São Vicente, o porto de Santos de Brás Cubas, foi o responsável pela transferência do porto da Ponta da Praia para o Centro, nas cercanias do Outeiro de Santa Catarina.
Capitão-mor de São Vicente (1545), em 1551, foi nomeado por D. João III Provedor e Contador das rendas e direitos da Capitania; em 1552 fez erguer o Forte de São Filipe da Bertioga na ilha de Santo Amaro. Teve participação destacada na defesa da Capitania contra os ataques dos Tamoios, aliados aos franceses. Mais tarde, por ordem do terceiro governador-geral Mem de Sá, realizou expedições pelo interior em busca de ouro e prata. Teria chegado até à chapada Diamantina no sertão da Bahia.
Suas tentativas de escravizar os indígenas resultaram numa revolta que acabou por determinar o surgimento da Confederação dos Tamoios, que só pôde ser parcialmente contida pela atuação dos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta.
Ao falecer, era fidalgo da Casa Real e o senhor mais respeitado da Capitania. O título de Alcaide-mor da vila de Santos passou a seu filho, Pero Cubas.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Na obra de ficção Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis, o narrador Brás Cubas conta que seu pai (de sobrenome Cubas), nomeou o filho "Brás" como forma de se passar por descendente do explorador Brás Cubas. No entanto, após os verdadeiros descendentes do explorador português contestarem o Sr. Cubas, ele inventou outra versão para a origem do sobrenome da família, tentando dar-lhe um ar de fidalguia.
O ESTÁDIO DO SANTOS
Quando o estádio santista foi fundado era chamado apenas de “Campo do Santos”, ou “Praça de Esportes do Santos”. Com o passar dos anos, o nome do bairro virou também o apelido do estádio. Em 24.03.1933, morre Urbano Caldeira e o campo passa a se chamar, oficialmente, Estádio Urbano Caldeira.
Em que pese o nome oficial, o estádio do Alvinegro é mais conhecido por Vila Belmiro.
Rei Pelé é o maior artilheiro do estádio santista com 288 gols, seguido por Feitiço (162) e Pepe (152).
MEU IRMÃO ME VISITA EM SANTOS
Quando passei a trabalhar na Santa Casa de Santos, meu irmão, estudante de Medicina na Faculdade Federal de Santa Maria/RS, veio a SP conhecer o nosocômio. Gostou e estendeu sua estadia por mais alguns dias. Tive de resolver problemas no centro da cidade e combinamos de almoçar por lá, de frente para o mar. Havia um local que os estagiários da Santa Casa utilizavam para guardar seus pertences e que se chamava Sereia. O nome do estabelecimento estava gravado em letras nas pedrinhas da calçada da empresa. Nela havia banheiros e pequenas caixas com chaves para salvaguardar nossos bens. Ao lado da Sereia havia um vistoso e moderno açougue que abria às 10 horas da manhã, pontualmente. Cheguei às 9,45 horas. Logo uma senhora gorda com imenso guarda-sol postou-se atrás de mim e um moço, aparentemente um comerciário, era seguido de outro e mais outro. A fila ainda não andava, mas o número de pessoas era assustador. Esquecia-me de dizer que havia uma espécie de greve com respeito ao comércio de carnes em Santos, de modo que as filas frente a essas casas de comércio eram coisas comuns da paisagem santista.
Chega uma jovenzinha lá de seus 14-15 anos. Posta-se lá no fim da fila lançando olhares ansiosos para os primeiros colocados da longa fila. Finalmente, decide-se e vem saber:
- Essa fila é a fila do açougue?
Ao que eu respondi firme, olho no olho
- Não, essa é a fila para esperar meu irmão!