O Metropol de Criciúma, lendária equipe de SC, cerrou os portões em 1969, mas continua a exercer fascinação entre os adeptos do futebol. Desapareceu justamente no ano de sua sagração como campeão catarinense, chegando às quartas-de-final da Taça Brasil. Fundado em 15.11.1945 para abafar uma greve de mineiros da Carbonífera Metropolitana e aproximar empregados e patrões pelo futebol, o Esporte Clube Metropol completou este ano 75 anos de existência.
Foi o clube de maior sucesso entre na década de 1960 em SC. O Metropol elevou o nome da cidade, tornando-a conhecida no Brasil inteiro. O Metropol, até 1959, fora equipe criada para entretenimento dos trabalhadores do carvão nos torneios da Liga Atlética da Região Mineira, entra para a história nos anos 1960 quando, durante uma greve dos mineiros, José Francione, então com 30 anos, decidiu reforçar o time de futebol, aumentar seu poder competitivo e esfriar por quase dez anos movimentos grevistas.
É desta época o carneiro, mascote do time, porque a inconformada torcida adversária, obrigava-se a digerir as derrotas e afirmava que os mineiros-jogadores não passavam de uma carneirada. Essa carneirada, o Esporte Clube Metropol, ao cabo de 466 partidas de toda sua existência, conquistou 265 vitórias, 113 empates e apenas 88 derrotas.
Capitaneado por José Francioni de Freitas (o Dite), filho de Dimício Freitas, mega-empresário da indústria carbonífera, Dite Freitas manteve a hegemonia do futebol catarinense durante toda a década e conseguiu importantes títulos para a cidade e para o Estado. Tinha ao lado Gilberto J. de Oliveira que gerenciava o futebol, contratando os craques (com carteira profissional e tudo), na condição de mineiros no sub-solo.
Dizem, eu não afirmo, que seu Gilberto costumava lembrar a jogadores displicentes, pouco aplicados, que a continuar assim e com a falta de braços lá no fundo da mina... Durante toda a sua atividade no futebol profissional, que se estendeu até 69, o Metropol foi administrado pelo grupo Freitas/Guglielmi.
Seu Gilberto trabalhou (muito) comigo na Fundação Cultural de Criciúma e dificilmente se verá pessoa mais correta e competente no exercício de qualquer atividade profissional. Ele costumava me dizer:
- Se o senhor permitir vamos fazer aqui na Fundação como seu Diomício fazia comigo. Medidas duras deixa que eu transmito ao pessoal. Eles virão reclamar ao senhor. Diga então como fazia seu Diomício:
- Vocês conhecem o Gilberto. Ele é um tanto quanto exagerado. Deixem que eu vou ver o que é possível fazer.
Um mordia e o outro assoprava.
Perguntei como conhecera Diomício Freitas. Gilberto era funcionário da VARIG no aeroporto de Florianópolis e sempre se destacava pelo atendimento cortez, fidalgo que dispensava a todos, mas especialmente aos mineradores da região sul catarinense, que conhecia um a um e pelo nome. Houve um dia em que recebeu oferta de trabalho em empresa carbonífera de Criciúma. Ficou nas empresas de Diomício até aposentar-se. No dia do falecimento do garnde capitão de indústria, num apartamento do Hospital São José, apenas eu e seu Gilberto presenciamos a dolorosa e silente morte de Diomício. Dite, chamado às pressas, acabara de sair diante do fato que tudo estava bem.
Apesar de seu desempenho futebolístico, o clube vai terminar quando a sociedade Freitas-Guglielmi que mantinha o time chega ao fim e quando da eliminação para o Botafogo na Taça Brasil de 1968. Naquela época apenas os campeões estaduais disputavam a mais importante competição nacional – a Taça do Brasil – e o Metropol era um campeão irretocável.. A equipe já vencera o Água Verde, campeão paranaense, e o Grêmio, grande heptacampeão gaúcho. No caminho do Metropol encontrava-se agora o fantástico Botafogo, do goleiro Manga, depois Nacional de Montevidéu e Internacional de POA. 3.801