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Alexandre Herculano de Freitas, um dentista singular

Por Henrique Packter 24/05/2021 - 10:40 Atualizado em 24/05/2021 - 10:43

Conclusão, para Alexandre Herculano

JOSÉ (Zé) ALEXANDRE de Freitas, sócio no escritório de advocacia de MILTON BECK,  é de 1953 e faleceu aos 42 anos de idade, em 1995. Foi operado em Curitiba de sua  retinopatia diabética, vindo a falecer por complicações do diabetes, pouco tempo depois. Seu pai, Alexandre Herculano de Freitas, nascido em 1930, também faleceu precocemente, mas em acidente rodoviário, na localidade de 7 pontes, Araçatuba, BR101. Deste acidente, Neci (esposa de Alexandre) e o então menino Zé Alexandre, também ocupantes do jipe Candango, saíram quase incólumes.   Hospitalizado na Laguna, a gravidade do traumatismo crânio encefálico (TCE), de Alexandre, levou-o à morte, apesar da vinda de POA do Prof. Nelson Venturella Aspesi, neurocirurgião, trazido por David Luiz Boianowski, num monomotor que aterrissou na praia do Gi. Alexandre faleceu em 1963. Meu filho, o filósofo-clínico LÚCIO PACKTER era bebê de colo quando isto aconteceu.

 

OBADIAS, PERSONAGEM MENOR NO SINDICATO DOS MINEIROS DE CRICIÚMA

 

Em novembro de 1968, a auditoria militar da 5ª Região julgaria os processos de Addo Vânio de Aquino Faraco (político, servidor público, ex-deputado, pai da deputada Adda Faraco), o advogado do Sindicato dos Mineiros em Criciúma  Aldo Dietrich, Raimundo Verdieri, Obadias Gonçalves, Manoel Ribeiro e outros, acusados de participação nos acontecimentos políticos que antecederam 31.3.1964. Encontrei Obadias no cinema Rovaris quando o filme de 1967, A primeira noite de um homem era exibido.  Perguntei de seus problemas com a Justiça Militar. Olhou-me com aquele seu sorriso de dentes muito alvos realçando a pele muito escura:

- Grandes merdas! 

E nada mais disse.

Todos foram absolvidos (quatro votos contra um). Os demais processos seriam julgados depois. (Tribuna Criciumense, 16.11.1968). No IML de Curitiba em meio a cadáveres, renasce a literatura no expatriado Manif Zacarias.

OBADIAS GONÇALVES BARREIROS

Nascido em 1928, veio a meu consultório em 8.1.1962 aos 34 anos. Depois, em 18.9.1963, 24.11.1977, 7.3.1995,11.8.1980, 8.3.1995, 11.4.1995. Sempre para troca do grau de suas lentes oftálmicas. Em 28.11.2002, aos 75 anos, já adventista, presidia a Colônia de Pesca na Laguna; queixava-se de diplopia; depois, aos 77 anos, em 15.6.2004 encontrava-se melhor. Em 16.2.2008, aos 81 anos estava bem, colesterol um pouco elevado, mas forte e desempenado. Foi vereador na Laguna. Na década de 70 instalado numa rua, entrada para a Laguna, comandava uma implacável cancela que cobrava pedágio de quem quer que pretendesse gozar do paraíso lagunense. Valdir de Luca, radiologista em Criciúma, tinha casa de praia na Laguna. Convidou-me um dia e fomos todos os dois casais almoçar na sede da República Juliana, no inesquecível Restaurante Nice, de Rodolpho Michels. O prato de resistência era uma imbatível maionese de camarão, glória mundial da culinária lagunense. Meu saudoso amigo Waldir de Luca, radiologista do Hospital São José de Criciúma e eu em carros diferentes nos encontramos na estrada de acesso a Laguna, um sábado de sol inigualável. Waldir tinha casa de Praia na Laguna que ele aproveitava em certos e contados fins de semana. Interrompendo nosso acesso havia um inesperado obstáculo-cancela impedindo nossa progressão. Era uma espécie de pedágio tendo ao lado seu orgulhoso comandante a postos: o grande OBADIAS GONÇALVES BARREIROS! Lá estava, comandando o fortim-cancela, brandindo agressivamente caneta e talonário. Ele explicava ao inconformado Waldir que o pedágio era pago uma vez só, ao entrar, a saída era livre.  Explicado a razão do obstáculo na estrada, Valdir indigna-se, protesta. No auge da irritação diz:

- Prá sair tudo bem, mas para entrar?

Funcionário do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, OBADIAS era incansável. Sempre estava correndo, à cata de algum médico, munido de velho e seboso alfarrábio, guia para todas as doenças, explicava. Comigo, manteve longos e infatigáveis debates sobre cataratas, que na sua concepção (e do livro), se deviam sempre a acidente do trabalho. Chegava ser comovente a maneira como defendia seu ponto de vista na defesa dos direitos operários. Grande Obadias!

 

Já ANTONIO JOSÉ PARENTE nasceu em 9.8.1926 em Criciúma, foi pai de seis filhos. Talvez a maior liderança nas minas de carvão em todos os tempos, exerceu a presidência do Sindicato dos Mineiros. Foi torneiro-mecânico na CBCA. Faleceu vitimado por acidente automobilístico em 15.2.1965. Foi meu cliente a partir de 28.4.1961. Em 8.1.1963 esteve em POA sendo examinado pelo Dr. COSTA GAMA que o reencaminhou a mim. Sempre teve visão normal em AO.

OBADIAS  tinha uma ideia fixa: a criação de CARVÃOBRAS, a similitude da PETROBRAS, ELETROBRAS... Segundo ele a participação majoritária do governo nas empresas exploradoras do carvão mineral seria uma garantia de bom tratamento para  a desvalida população mineira. Não perdia nenhuma oportunidade de discorrer sobre sua tese, fosse o local que fosse. Dava como exemplo a Carbonífera Próspera, administrada pelos engenheiros Mário Balsini e Jacy Eustachio Fretta, figurino a ser imitado.  

 

A TRIBUNA CRICIUMENSE DA ÉPOCA

Carvão e desenvolvimento nacional. Tribuna Criciumense, 27.06.1959. Sebastião Pieri.

A defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 27.06.1959. Manoel Carlos Cardoso.

Criciúma em defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 10.08.1959.

Mocidade criciumense toma posição em defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 24.08.1959.

Objetivava-se massificar os protestos, envolvendo os municípios em aglomerações públicas. Integrando-se a esse espírito, os alunos do último ano do ginásio Madre Tereza Michel organizam o Movimento Estudantil de Criciúma em Defesa do Carvão Nacional, desenvolvido   durante todo o ano de 1959.Seria lógico esperar que a estrela fosse o movimento dos trabalhadores das minas. Surgem Conselheiros Estudantis: José Pimentel (diretor do jornal Tribuna Criciumense); Addo Caldas Faraco (Prefeito Municipal), Estanislau Cizeski (pároco da cidade), Nelson Alexandrino (diretor da Escola Técnica Criciumense), Diomício Freitas (proprietário da Carbonífera Criciumense).

Nem uma palavra, nos artigos jornalísticos sobre o sindicato dos mineiros de Criciúma ou dos trabalhadores do carvão. Como no Monumento aos Homens do Carvão na Pça. Nereu Ramos, quando o mineiro é homenageado na figura anônima de operário da CBCA e os empresários tiveram seus nomes estampados. Mais uma vez a figura principal será esquecida. Mineiros serão apenas espectadores no comício de 21.08.1959: “Magnífica demonstração de civismo e de apoio decidido e entusiástico à batalha do carvão (...) deu a juventude criciumense (...). Grande massa popular, em sua maioria constituída de operários, aplaudiu com calor, a louvável iniciativa, estimulando os oradores na sua pregação (...)”. Nas atas do sindicato, não há nenhuma referência à campanha. Parece que o desinteresse era mútuo. Contudo, os meios sindicais agitavam-se, sim, para a eleição do sindicato dos mineiros.

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