Quando cheguei a Criciúma no início dos anos 60, o advogado ANTÔNIO BOABAID e família (mulher e seis filhos) aprestavam-se para retornar a Florianópolis, onde ainda ele reside. A esposa Elcy, também advogada, é infelizmente falecida.
Já residente em Florianópolis foi certo dia chamado a Criciúma por Diomício Freitas. Tratava-se de colocar ações da SIDESC, uma siderúrgica para Imbituba. O público alvo era a população de Criciúma, da qual Boabaid era profundo conhecedor e na qual contava com amizades e respeito.
Para o trabalho, praticamente passou a viver na cidade. Na época, o Criciúma Clube era o encontro da melhor sociedade e Boabaid um de seus sócios fundadores. Prefeito da cidade era Ruy Hülse e era verão de muito calor. Domingo, muito sol, hora de almoço, Boabaid devidamente munido de calção de banho procurou o clube para almoçar e relaxar, além de um bom mergulho na piscina da agremiação. É quando surge a figura do zelador, impedindo seu acesso à piscina pois Antônio Boabaid não tinha se submetido ao indispensável exame médico, nem portava o competente atestado.
O pediatra David Boianowsky morava bem próximo ao clube e um telefonema confirmou sua presença na cidade. Em poucos minutos Boabaid estava de volta exibindo o atestado.
O zelador, com o documento numa das mãos, como quem exibe um troféu e batendo ritmicamente no papel com as costas da outra mão, proclamou para os associados presentes:
- Agora sim, com atestado pode nadar!
Pouco depois, com a cara mais limpa do mundo, Boanowsky mais a mulher Rosa Nuch, os filhos Celso e André (hoje oftalmologistas em Brasília), Mauro e Daniela, chegava ao clube para almoço. Boabaid secava-se ao sol e já Boianowsky perguntava se alguém se dera ao trabalho de ler o atestado. Não, para falar a verdade, ninguém tinha lido. Foram atrás do papel. Encontrado, todo o mundo pôde ler: Atesto, para os devidos fins, que Antônio Boabaid é portador de moléstia infectocontagiosa...