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Cartas da Metrópole

Por Henrique Packter 05/12/2024 - 15:34

Ainda no outro dia escrevi e transmiti minhas despedidas de terras criciumenses após 64 anos de feliz convívio. Aqui pratiquei minha honesta medicina oftalmológica e criei meus 4 filhos. Túlio, filho engenheiro-agrônomo, que trabalha terra urussanguense e lida com bichos maiores acima dela, é, na aparência, rude trabalhador braçal. Nossa casa, em Criciúma, fica com Eraldo Rosa, o grande empresário do ramo da construção civil no sul de SC e hoje um dos maiores nesta atividade.

Após todos esses 64 anos trabalhando em meu consultório de oftalmologia em Criciúma e depois também em Florianópolis e contando já a idade de...  bem, deixa essa questão de idade prá lá...

Enfim, já é hora de trabalhar num local só e não andar zanzando pela mortífera BR101 todas as semanas ida-e-volta. Minha escolha citadina recaiu em Florianópolis Beira Mar. Poderia ter sido Rincão Beira Mar mas ganhamos o mar da capital.

Já escrevi e falei quase tudo quando escrevi Despedidas neste PORTAL; não vale a pena repetir velhas glórias ou repisar antigas mágoas.

Em 24.05.2017, escreve Ives Gandra, elementos do PT e do MST invadiram o Congresso Nacional destruindo e incendiando dependências do Parlamento, fazendo com que o Presidente Michel Temer decretasse estado de emergência. Foi tal a gravidade do atentado a ponto do presidente determinar ao exército que tomasse medidas para que o episódio chegasse ao fim  com a desocupação do Legislativo.

Apesar da gravidade do atentado nenhum dos depredadores, agressores, bagunceiros, arruaceiros, badernistas, brigões, desordeiros ou que outra designação os invasores pudessem ganhar, eles, os agressores de funcionários, não sofreram qualquer processo judicial.

Complacência? Leniência do poder judiciário? Agressão pouco significativa? Importante peso político dos chefes políticos envolvidos?

O presidente Michel Temer, anos depois de ocorrido o episódio, esclareceu não ter punido os baderneiros porque seguira o exemplo do ex-presidente JK, anistiando os armados revoltosos de Aragarças e Jacareacanga que intentavam desfechar golpe de estado em seu governo.

16 anos separam os dois episódios de Brasília. Neste último, de janeiro, houve maior número de participantes mas não se contabilizou qualquer agressão a funcionários públicos. Depredações houve no Executivo e no Legislativo, mas não se decretou estado de emergência. Neste último episódio o presidente Lula, com inexpressivo contingente militar, encerrou a baderna prendendo 1.700 manifestantes desarmados, sem disparar um tiro sequer. As destruições de prédios públicos foram as mesmas nos dois episódios. Em 2023 a extensão dos danos foi maior, mas só houve feridos em 2017.

A tal de hermenêutica de Ives Gandra

Ives Gandra confessa ser cada vez mais difícil interpretar nosso Direito, tendo a nítida impressão de que o Brasil possui duas espécies de hermenêutica jurídica em que fatos e circunstâncias semelhantes devem ser punidos quando praticados por conservadores e desconsiderados quando quem os pratica milita na esquerda. 

Hermenêutica, graças a Deus, é apenas substantivo feminino, significando tão somente ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras. Ou ,interpretação dos textos, do sentido das palavras. Gandra disse mais. Parafraseou o poeta, perguntando: "Mudou o Brasil ou mudei eu?"

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