SARTORI trouxe livros de cirurgia, anatomia, filosofia, política, literatura e poesia. Roupas eram poucas, o resto, ferros para cirurgia.
Entre os livros, Malatesta (anarquista: a propriedade é sempre um roubo), Schopenhauer (o pessimista), descansavam pacificamente na estante ao lado de Voltaire e Dante.
Segundo Licurgo Ramos da Costa, Lages teria população em 1907 de 21.681 almas; 1908, 22.115; 1909, 22.557 e 1910, 23.009.
Divulgou nosso país em conferências no exterior e publicou em português e italiano: “PER ASPERA AD ASTRA. Goyaz, Mato Grosso, Paraguay, Fiumi Araguya, Garças, Aquidauana, Diamanti, Moralitá e Criminali Criminalitá de Pelli-Rosse”. Estudou com apreço Negros e o Índios.
Membro de comissão de métodos, foi a Lourdes verificar oficialmente os milagres do Santuário. Estudou o Espiritismo. Anotava tudo de suas viagens em cadernos. Do preço dos hotéis a roupas adquiridas. Um resumo histórico e político acompanhava as anotações. Lia revistas médicas buscando depois na fonte, com o criador, as técnicas que o interessavam. Aprendeu na Itália com Enrico Forlanini (engenheiro e aeronauta) a aplicar o pneumotórax artificial; com Emil Theodor Kocher (Nobel de Medicina pelos estudos sobre a tireoide) aprendeu a extirpar o bócio, na Alemanha. Conheceu Friedrich Schauta (introdutor da histerectomia total no câncer ginecológico), Jean-Louis Faure (inventor das agulhas Faure), Victor Pauchet (pioneiro em gastrectomias, prostatectomias e anestesia loco-regional), Serge Voronoff (dos excêntricos xenotransplantes glandulares), Nicolas Camille Flamarion (astrônomo, pesquisador de fenômenos paranormais). O homem e seus costumes eram objeto de sua curiosidade. Conhecia celebridades em todos os ramos do conhecimento humano.
Amigo pessoal de Ingenieros, escreviam-se. José Ingenieros ou Giuseppe Ingenieri (Palermo, 24.04.1877), escreveu El Hombre Mediocre extraordinário sucesso editorial
Ingenieros foi médico, psiquiatra, psicólogo, farmacêutico, escritor, docente, filósofo e sociólogo ítalo-argentino, Jefe de la Clínica de Enfermedades Nerviosas de la Facultad de Medicina e catedrático de Psicologia Experimental na Facultad de Filosofía y Letras, ambas da Universidade de Buenos Aires. Conferencista em universidades europeias, Presidente da Sociedade Médica Argentina. Concluiu estudos nas universidades de Paris, Genebra, Lausane e Heidelberg. Diretor e editorialista de jornais.
Ainda jovem, SARTORI declara-se materialista, socialista com tendências anarquistas. Combatia todas as forças dominantes da época.
Criado em 04.06.1908, o 5º Batalhão de Engenharia de Lages (em 05.12.1934, 2º Batalhão Rodoviário), teve como primeiro comandante Cândido Rondon de quem Sartori logo se aproxima.
Serviço de Proteção aos Índios (diretor Rondon, 1910), Sartori viajava em lombo de mula a Chapecó para prestar assistência médica gratuita aos índios aldeados. Em 10.03.1941, intitulado Índios IV, o juiz Antonio Selistre de Campos escrevia em jornal sobre a visita de Cesar Sartori fornecendo pequena biografia do médico italiano. “Visitou os toldos de Jacu e Banhado Grande dos índios do município, (...), o Dr. Cesar Sartori, médico residente em Lages. A razão desta excursão do clinico italiano, que há mais de quarenta anos reside no Brasil, (...) estimadíssimo e acatado pela população lageana, dado seu espírito humanitário e competência de cientista. S. S. já visitou os índios de GO, PA, MT, PR e RS”.
Amava a Humanidade, por isso era socialista, dizia.
Na Ópera, de pé, batia palmas gritando: Bravo, bravíssimo! In scena il maestro! Diante de um quadro ou escultura, não se continha:
_ Que coisa!