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Dr. Marcos Flavio Guizoni

Por Henrique Packter 15/07/2024 - 14:00 Atualizado em 15/07/2024 - 14:01

Sob a batuta do neurocirurgião MARCOS FLÁVIO GUIZONI, em Tubarão, no Hospital Nossa Sra. da Conceição, paciente cantou e tocou violão durante cirurgia no seu cérebro.

A retirada de tumor cerebral com monitorização teve a duração de 9 horas! Manter o paciente acordado apenas sob anestesia local da pele e osso do crâneo da região , evita risco de lesões no delicado e sensível tecido neurológico.

Evidente que cirurgia desse porte, no interior de SC, deve causar surpresa no universo  neurológico brasileiro. O paciente passou todo o tempo do ato cirúrgico cantando, enquanto era submetido a cirurgia para retirada de tumor no cérebro.

O cirurgião detinha experiência de 30 anos de serviços médicos especializados o que garantia  o sucesso da cirurgia com técnica e a habilidade para intervenção tão delicada. Com seis profissionais auxiliares, o doutor Marcos Flávio Ghizoni foi o responsável pelo procedimento. O paciente  Anthony Diaz, bancário de 33 anos, cantou e tocou violão durante as nove horas no centro cirúrgico. Manter o paciente acordado foi decisão estratégica. “Deixamos o paciente acordado justamente pela lesão ter grande proximidade com as áreas responsáveis pela fala e pela motricidade do paciente”, disse Ghizoni.

O procedimento de manter o paciente acordado e interagindo com a equipe médica é usado para diminuir o risco de uma lesão durante a retirada do tumor. Acordado, o paciente consegue até ajudar a equipe nesse tipo de cirurgia. Se algum procedimento, por exemplo, atrapalha a fala ou a coordenação, tá na  hora de parar.

Anthony Dias se recuperou bem e teve alta poucos dias depois. Quando descobriu o tumor, dois meses antes, o primeiro filho tinha acabado de nascer e foi ele quem deu forças durante a cirurgia. “Em todo momento eu estava com a minha família e meu filho em pensamento para buscar mais forças ainda para fazer da melhor maneira possível", contou.

Essa foi a 19ª cirurgia com monitoração cerebral realizada pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição de Tubarão, SC, e a primeira em que o paciente tocou um instrumento. O hospital é o único de SC a fazer este tipo de operação.

Guizoni era natural de Urubici, uma das cidades mais frias de SC, detentora de temperaturas muito baixas nos seus conhecidos meses de inverno. O médico, de 78 anos de idade, estava internado desde a última semana no Hospital Unimed de Tubarão e na terça, 9 de julho de 2024, por volta das 14 horas, não resistiu a uma cirurgia emergencial, vindo a óbito, vitimado por câncer intestinal.

Natural de Urubici, Ghizoni ingressou no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em 1979 e participou da formação do Centro de Neurocirurgia. Na década de 90 foi para Florianópolis em busca de melhores condições técnicas, que resultou na compra do primeiro aparelho de tomografia do HNSC.

Em 2013 foi homenageado na Assembleia Legislativa de SC (Alesc) juntamente com o neurocirurgião Jayme Augusto Bertelli pela criação de uma inovadora técnica cirúrgica de reversão da lesão do plexo braquial. O procedimento foi publicado em mais de 50 revistas especializadas e apresentado em conferências de diversos países, obtendo o reconhecimento dos maiores especialistas da área.

Em 2015, Ghizoni conduziu uma complexa cirurgia cerebral enquanto o paciente tocava violão, demonstrando a precisão e a inovação de suas técnicas. Ele possuía mestrado em Ciência da Saúde pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e atuava como professor titular na mesma instituição. Além disso, era membro da Fundação Hospitalar Catarinense e prestava serviços no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Para o presidente da Unimed, Nei Bianchini, Marcos Ghizoni sempre foi um ser humano fantástico que dedicou sua vida inteira à medicina. “Ele sempre tratava a todos os seus pacientes da mesma maneira, independente de qual fosse a situação”.

Bianchini ressalta que Tubarão é hoje uma referência na área da saúde e a gente deve muito isso a Marcos. A morte do neurocirurgião, avalia o presidente da Unimed, é grande perda para todos da área da saúde, para seus pacientes, para seus amigos e familiares. “Só temos a lamentar esta grande perda para a medicina com seu legado profissional, conhecido em todo o Brasil e no exterior”.

O prefeito Jairo Cascaes de Tubarão decretou luto oficial por três dias no município em sinal de pesar pelo falecimento do neurocirurgião. A cerimônia fúnebre ocorreu no Crematório e Memorial São Mateus, situado no Bairro Ilhotinha, em Capivari de Baixo. A cerimônia de homenagens foi na quarta-feira (10.07.2024), às 10h30, no mesmo local.

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