Morre em Florianópolis aos quase 90 anos este médico formado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUFPR) em 1959. Foi meu colega da turma que também formou ZILDA ARNS NEUMANN e WALDYR MENDES ARCOVERDE, este ex-ministro da Saúde. Nesta mesma turma médica despontaram LINO LIMA LENZ, professor da UNI-RIO na cadeira de Urologia e falecido neste mês de janeiro que passou, no Rio de Janeiro. Era natural de São Francisco de do Sul. Esta mesma turma médica formou também AFONSO ANTONIUK e CORIOLANO CALDAS SILVEIRA MOTTA, professores aposentados na FMUFPR, o primeiro na cadeira de Neurocirurgia. SÉRGIO LUIZ FRANCALACCI, natural de Tubarão é professor aposentado da cadeira de NEFROLOGIA na UFSC e dirigiu o setor de hemodiálise do Hospital de Caridade em Florianópolis. A Associação Catarinense de Medicina divulgou nota de pesar, destacando sua atuação profissional, o pioneirismo no ensino e assistência em nefrologia, a dedicação ao magistério por mais de 30 anos e as pesquisas realizadas no setor.
Tinha a nota o seguinte teor:
“A Associação Catarinense de Medicina (ACM) comunica com profundo pesar o falecimento do nefrologista SÉRGIO LUIZ FRANCALACCI, aos 88 anos, ocorrido em 7.07.2021 Florianópolis. Nascido em Tubarão, foi pioneiro na implantação da Nefrologia em SC. Formou-se em 1959, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e realizou especialização no Hospital de Servidores do Estado do RJ. Em 1962, publicou o primeiro trabalho nacional sobre diálise peritoneal e foi incentivador de vários serviços na especialidade, como a terapia renal substitutiva e o tratamento de insuficiência renal crônica, em todo o estado. A atividade docente foi uma de suas paixões, a qual se dedicou por quase 30 anos, como professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi criador e chefe do Serviço de Nefrologia do Hospital Governador Celso Ramos e terminou suas atividades como médico no Hospital de Caridade. Participou de diversas diretorias da ACM e integrou o Conselho de Administração da então Unicred Florianópolis. Praticante de esportes, criou o Departamento Médico do Avaí Futebol Clube, sendo seu primeiro diretor. Por fim, foi membro titular da Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina (Acamesc), desde 1996.
Por tudo isso, foi respeitado e admirado pelos que acompanharam sua trajetória, pela grande capacidade, pela defesa da ética profissional e expressivo saber científico. Deixa um exemplo de vida dedicada à medicina e grande saudade aos familiares, amigos e colegas, a quem a Diretoria da ACM registra sua solidariedade e homenagem.”
Nossa Turma de Medicina notabilizou-se pelo número de professores que legou à história da Medicina Brasileira. Nossos ex-colegas, ANTÔNIO PELISON e ANTONIO CARLOS SPRENGER lecionaram CLÍNICA CIRÚRGICA e WILSON CIDRAL, lecionou OTOLOGIA, todos na Federal do Paraná. Já MÁXIMO GONZALES DONOSO lecionou CIRUGIA PLÁSTICA na Faculdade Estadual de Medicina de Londrina, PR. INGEBORG CHRISTA LAUN foi chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital do IPASE no RJ e professora desta cadeira na Faculdade de Medicina de Petrópolis, RJ.
Outra colega nossa, ÉLIA GOMES, natural de Florianópolis, pediatra em SP, era orientadora e professora na USP. Padre JOSÉ RAUL MATTE, abnegado médico e padre, dedicou sua vida a cuidar dos índios da Amazônia brasileira. Já falecido, doava parte de seu modesto aposento de dois salários mínimos a esta obra que abraçou e à qual serviu em jornadas com voluntários, buscando aldeias de indígenas ao longo do Rio Negro, entregando-lhes vestuários, alimentos, medicamentos e concertos de música de solos de flauta-doce. “Nunca tive plateia mais atenta e respeitosa”, dizia. NEON DE MELLO E OLIVEIRA foi outro colega nosso a dedicar-se ao ensino em São José do Rio Preto, onde ocupou a cadeira de OTTORINOLARINGOLOGIA. Já JOAQUIM DE PAULA BARRETO FONSECA, anestesista de especialidade, não só lecionou, mas também criou a Faculdade de Medicina da UNICAMP em Campinas, SP. Há outros, cujas vidas abordarei em outra ocasião, se Deus quiser.
E quanto a EGÍDIO MARTORANO NETO, PAI DO CIRURGIÃO PLÁSTICO EGÍDIO MARTORANO FILHO?
Sempre fomos muito ligados, embora nos últimos anos tenhamos nos afastado por questões de trabalho. Egídio nasceu em 25.10.1932, em São Joaquim/SC. Filho de Domingos Martorano e de Alzina Vieira Martorano, seu antepassado, Domingo Martorano (1841-1923), natural de Casteluccio, Basilicata, Itália, filho de Egídio e de Mariana Gioia, foi pioneiro da colonização italiana em São Joaquim (1880).
Meu colega, Egídio Martorano Neto, ex-Deputado estadual, cursou o ginasial e o colegial no Colégio Catarinense, em Florianópolis/SC. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, especializou-se em Clínica Geral e Cirurgia Geral, em Porto Alegre/RS.
Casou com Leda M. Couto Martorano e é pai de Egídio Martorano Filho (conhecido cirurgião-plástico em Florianópolis), Simone, Fabrício e Fabiano.
Elegeu-se duas vezes Prefeito de São Joaquim, em 1966 e em 1972. A iniciativa de atrair japoneses, instalados em SP, para São Joaquim afim de dedicar-se ao plantio e cultivo de maçãs é atribuída a Egídio, quando prefeito, datando da década de 70. As florestas de Araucária estavam dizimadas pelas serrarias que funcionavam 24 horas por dia; urgia substituir esta cultura de terra arrasada por outra que trouxesse empregos, respeitando e preservando o meio ambiente.
Foi Diretor do Hospital Coração de Jesus de São Joaquim, Chefe da Unidade Sanitária no mesmo município, médico da Companhia de Águas e Saneamento do Estado de Santa Catarina (CASAN) e Diretor-Presidente da CLINIMED, Florianópolis.
Nas eleições de 1978, concorreu ao cargo de Deputado Estadual pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), elegendo-se com 12.392 votos, tomando posse à 9ª Legislatura (1979-1983).
Em 1979, dirigiu a Divisão Hospitalar da Secretaria da Saúde do Estado de Santa Catarina e em 1981, exerceu as funções de Vice-Governador do Estado (14 a 23 de julho e de 28 de agosto a 21 de setembro).
Buscou por mais duas vezes a reeleição a Deputado Estadual no Parlamento catarinense, sem reeleger-se. Em 1982, pelo Partido Democrático Social (PDS), obteve 14.256 votos e, em 1986, pelo Partido da Frente Liberal (PFL), obteve 3.777 votos. EGÍDIO e JORGE KONDER BORNHAUSEN sempre foram ligados por amizade pessoal além do vínculo marcante estabelecido por política partidária.
Pai amoroso, marido dedicado, profissional correto, EGÍDIO deixa lacuna difícil de ser preenchida e grande pesar em todos nós que o admirávamos e por quem nutríamos amizade inabalável. Vai com Deus, amigo Egídio, até breve!