Penso na morte como ela, ciosa, pensa mim. Todo dia, digo e repito, tem alguém conhecido que nos deixou. Leio o pouco que entendo da difícil arte do obituário, na qual os britânicos ainda detêm medalha de ouro, constatando, na companhia fiel de minhas mazelas que ela ainda nivela desigualdades. Continuemos a verter nossas lágrimas às ocultas, pois importante não é a morte, é o que ela nos tira
LEITURA DE LIVROS INFLUENCIANDO A ESCOLHA PROFISSIONAL
Considero 2 livros responsáveis pela escolha da Medicina como minha atividade profissonal para a vida: a leitura de O LIVRO DE SAN MICHELE de Axel Münthe e de A CIDADELA de A. J. CRONIN (1937), médico escocês, morto aos 84 anos em 1981.
A CIDADELA
Desde que li A CIDADELA, aí pelos 15 anos de idade, o exercício da Medicina tornou-se meu objetivo maior, uma obsessão. O livro de Cronin influenciou gerações a estudar Medicina. Ele e seu alter ego, ANDREW MASON, ecoam no livro o drama das escolhas éticas na prática da Medicina e são hoje (talvez por isso), as mais célebres das pessoas esquecidas. Quem lembra deles? Num mundo invadido pela banalidade e pelo virtual, é preciso lê-los com filtros próprios e raciocínio singular.
Cronin narra a história (quase autobiográfica) de jovem médico iniciando sua vida profissional em cidade carvoeira de Gales do Sul, anos 30. Siderurgias e minas de carvão atraiam, então, grande número de imigrantes, especialmente para os vales a norte de Cardiff, hoje a capital do país. Mason dedica-se intensamente ao trabalho onde a morte era protagonista diária pelas desumanas condições de trabalho e de vida dos mineiros e suas famílias, os casos de febre tifoide se multiplicando. Profissional honesto, mas ambicioso, casa-se com a professorinha que o auxilia na investigação da pneumoconiose, patologia respiratória comum nos operários das minas, além de pneumonias e gastroenterites.
Cidadela é drama coletivo comunitário mineiro e -, de casal, buscando sobreviver com dignidade nesse meio. Depois, eles partirão para Londres onde convivem com sua poderosa classe médica, dedicada ao tratamento dos mais ricos. Não era difícil enriquecer em Londres exercendo atividade médica. Injeções inócuas e quase inofensivas de água destilada, regiamente pagas por doentes sem doença, doentes imaginários. Ele se envolverá nestes esquemas de dinheiro fácil, deixando de lado escrúpulos e princípios. Mas, A CIDADELA permanece imutável em seus valores morais.
EPISÓDIO FUNDAMENTAL
O jovem médico Andrew Mason chega à aldeia mineira para trabalhar; é seu primeiro emprego de médico vindo de família pobre. Anda da estação ferroviária até a pensão, pontos extremos da única rua da aldeia. Presencia tentativa de remoção de doente com problemas mentais a sanatório, depósito sanitário para entes humanos. A remoção equivalia a sentença de morte coletiva familiar. Internado, o paciente não era medicado, alimentado ou vestido. Abandonado, à própria sorte, logo morreria. Sua família teria o mesmo fim, dizimada pela fome.
Mulher e filhos do mineiro choram e agarram-se desesperadamente a ele na tentativa de impedir a remoção. Os menores abraçam-se aos joelhos e pernas do pai. Andrew Mason vai saber do que se trata, sendo informado que o trabalhador tinha enlouquecido.
Aproxima-se para ver melhor. OBSERVA, INSPECIONA-O a curta distância.
Terminada a INSPEÇÃO declara que ele não está louco, na verdade tem hipotireoidismo; com medicação adequada, ingerindo iodo, logo ficará bem!
O QUE MASON VIU?
Um homem cansado (ar de grande cansaço), esgotado, rosto inchado, disforme, calvo, manchas na pele seca, obeso (evidente e exagerado ganho de peso). Hipotireoidianos se mexem menos, armazenam gorduras, ganham peso. O hormônio tireoidiano controla os níveis de energia. Baixo nível de hormônio tireoidiano faz fígado, músculo, tecidos adiposos não queimarem calorias. Até em repouso queimamos calorias, deixando-nos aquecidos. Hipotireoidismo traz alergias cutâneas, rubor ou inchaço.
Na vila, médicos expõem seus nomes na recepção de diminuto ambulatório, em pequenas placas munidas de uma espécie de gancho. Neste gancho, mineiros colocam as plaquetas, indicando a escolha de médico para sua família. Grande número de fichas indica prestígio e tamanho da clínica.
Como Mason chegou ao diagnóstico apenas pela inspeção do operário? Em Medicina, diagnóstico é parte do atendimento médico voltada à identificação das doenças. Médicos analisam conjunto de dados formado a partir da inspeção, anamnese (histórico clínico), sinais e sintomas, exames físicos e complementares (laboratoriais, de imagem, traçados gráficos). A base da elaboração do diagnóstico médico é a consulta médica, hoje apoiada por crescente número de técnicas complementares.
A TIREOIDE
A TIREOIDE participa do metabolismo e fornecimento de energia para o funcionamento corporal, desenvolvimento normal dos tecidos do cérebro, regulamento do batimento cardíaco e do ciclo menstrual.
Sintomas de doença tireoidiana: inapetência, cansaço, queda de cabelo, dificuldade para perder peso.
SINAIS E SINTOMAS INDICATIVOS DE ALTERAÇÃO DA TIREOIDE:
· Dificuldade para emagrecer ou ganho de peso fácil e rápido; Inchaço;
· Cansaço excessivo; Fraqueza;
· Aumento do apetite;
· Queda de cabelo, pele seca e unhas frágeis;
· Alteração do ciclo menstrual;
· Alteração dos batimentos cardíacos.
Valores hormonais tireoidianos acima do valor de referência: hipertireoidismo; já valores mais baixos: hipotireoidismo.
O IODO é indispensável para que a tireoide possa sintetizar e liberar na circulação dois hormônios: Tiroxina (T4) e Triiodotironina (T3). O consumo de sal iodado, agora obrigatório por decreto-lei, obrigou empresas a acrescentar iodo ao sal para ajudar a evitar os males da tireoide.
Desde 1995 (faz 27 anos), o Programa Nacional de Sal Iodado funciona para toda a população. Sem o iodo a população pode apresentar distúrbios como bócio; crianças com deficiência congênita de tireoide: causas de surdo-mudez, e debilidade mental.
Falta de iodo (Hipotireoidismo) leva a declínio mental com repetição de ano escolar. Ingere-se iodo pelo sal iodado e alimentos: repolho, carnes defumadas, embutidos, frios, enlatados e frutas enlatadas, conservas, molho de soja, peixes, frutos do mar, algas, gema de ovo, maionese, laticínios, pães industrializados, cereais em caixas, agrião, aipo, couve de Bruxelas.
Já no Hipertireoidismo, excesso de iodo na alimentação redunda em hiperatividade da tireoide. O desequilíbrio eleva a concentração dos hormônios e aumenta a velocidade do metabolismo orgânico.
HIPERTIREOIDIANOS e HIPOTIREOIDIANOS do mundo: uni-vos!