Nestes muitos anos em que tenho me dedicado a escrever sobre nossos vultos do passado e personalidades contemporâneas, dou a mão à palmatória: há toda uma classe profissional de grande importância que vem sendo negligenciada por mim: os farmacêuticos (as).
Quem não lembra de Adamastor Martins da Rocha, nascido em 1922, além de farmacêutico era piloto amador e integrou o Aeroclube da cidade. Árbitro de futebol, em Criciúma desde 1937, veio do Alegrete, era entusiasta do escotismo. Ele e a esposa, Ruth Becke da Rocha, trabalharam muitos anos na Drogaria e Farmácia São José.
E do João Balestro, quem ainda lembra? Veio do Guaporé, também lá do Rio Grande e casou aqui com Wolynira Sampaio, filha de Carlos Pinto Sampaio e de Ladislava Angulski Sampaio, a dona Ladi. Trabalhava na Farmácia Sampaio, na praça Nereu Ramos.
Álvaro Pedro da Costa, falecido muito jovem, casado com Zoê, filha de Jorge Cechinel e que tinha farmácia no prédio do sogro, na praça Nereu Ramos. Álvaro era mais conhecido pelo apelido: Bolinha. Este era, também, o apelido da mãe do farmacêutico, artista plástica que exibia com frequência suas obras nos hotéis do Gravatal. Álvaro era de Tubarão e graduou-se em Curitiba.
Já Juca da Içara, nascido em 26/02/1918, era filho de Amaro Mauricio Cardoso, próspero empresário que vivia de comprar farinha de mandioca dos agricultores da região e revender o produto das compras a atacadistas, em geral do centro do país. Juca era proprietário da farmácia São Carlos. Entre os irmãos que possuía, é de se ressaltar Abílio Cardoso. Autodidata, Abílio sabia muita química e intitulava-se alquimista.
Meu cliente, nas vezes em que o atendi em meu consultório, então no Hospital São José, mostrava-se atilado e inteligente, muito acima da média.
Discutia de tudo, com propriedade.
O OVO APOCALÍPTICO
Dona Antônia, ia diariamente ao galinheiro apanhar os ovos das galinhas, sempre em grande quantidade. Vai daí, certo dia volta ensimesmada da coleta. Um dos ovos estampava uma frase ou quase uma frase: “o mundo durará mais ...”. Dona Antônia, impressionadíssima corre a chamar Juca, o filho mais velho. Corria o ano de 1946, ano caracterizado em Criciúma por não haver transmissão radiofônica, que só chegaria em 17.11.1947 e sem jornal impresso, este só em 02.05.1955, com a Tribuna Criciumense.
Ninguém sabia que coisa era aquela. Padre Boleslau, da paróquia São Donato e até o delegado de Criciúma, foram chamados sem que o mistério se esclarecesse. A falta de uma mídia mesmo incipiente (e insipiente), também dificultava que as gentes se manifestassem. Muita água rolou até que se descobrisse que o autor do trote estava bem ali, era o Abílio!