Uma das ideias mais notáveis que algum político pudesse ter e executasse no tocante à Educação, seria, possivelmente, o CIEP do BRIZOLA. Idealizado por Darci Ribeiro, cada CIEP, construído e projetado em módulos por OSCAR NIEMAYER, parecia levar a marca de redenção da famélica, desnutrida e ignara juventude brasileira da época. Grande foi o prestígio e influência do engenheiro civil e político LEONEL DE MOURA BRIZOLA (nascido Leonel Itagiba de Moura Brizola; Carazinho, RS, 22.01.1922 - RJ, 21.06.2004). Foi líder trabalhista, governador do RJ e do RS, o único político eleito pelo povo para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil. Faleceu, em 2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
Brizola nasceu em Carazinho, no distrito rural de São Bento, Noroeste do RS. Seu pai, José Oliveira, pequeno fazendeiro, foi assassinado por soldados de Borges de Medeiros durante a Revolução de 1923. A morte de José fez com que a esposa Onívia enfrentasse dificuldades para criar seus filhos, agravadas quando perdeu suas terras em litígio judicial. A família, então, vai morar em São Bento, próspera região de Carazinho, onde Onívia, trabalhou na lavoura, criando vacas e costurando. Casou-se novamente, com o agricultor viúvo José "Janguinho" Gregório Estery, tendo com ele mais dois filhos: Sadi e Jesus.
OS ESTUDOS
Brizola foi alfabetizado por sua mãe antes de ingressar no ensino primário. Estudou, por pouco tempo, como bolsista em escola de Não-Me-Toque. Aos dez anos de idade, morou sozinho num sótão de hotel em Carazinho, lavando pratos para ganhar comida e carregando malas até a estação de estrada de ferro. Graças à família de pastor metodista, recebeu bolsa de estudos que lhe permitiu concluir o primário no Colégio da Igreja Metodista. Em 1936, aos doze anos de idade, Brizola muda-se para POA onde trabalha como engraxate e ascensorista, concluindo curso de técnico rural no Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado, em 1939.
TRABALHO E VIDA MODESTA EM POA
Recebendo o diploma de técnico rural, Brizola torna-se graxeiro da Refinaria Brasileira de Óleos e Graxas, em Gravataí, Região Metropolitana de POA. Anos depois, soube que a refinaria pertencia a Ildo Meneghetti, um de seus maiores opositores políticos. Foi aprovado em concurso do Ministério da Agricultura, indo trabalhar como técnico do ministério em Passo Fundo, ficando assim mais próximo de sua família. Permaneceu apenas por meio ano em Passo Fundo, onde, apesar de receber bom salário, contraiu muitas dívidas. Resolvidas suas pendências financeiras, retornou para POA, residindo em pensão e trabalhando como jardineiro do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura.
Em 1942, conclui o ensino fundamental como bolsista no Colégio Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, licencia-se do trabalho na prefeitura e alista-se no 3.º Batalhão de Aviação do Exército (hoje, Base Aérea de Canoas). Com o término do serviço militar volta a trabalhar como jardineiro, concluindo o curso científico no Colégio Júlio de Castilhos além de curso de piloto privado. No Júlio de Castilhos, foi um dos fundadores e vice-presidente do Grêmio Estudantil. Em 1945, aprovado no vestibular da Escola de Engenharia da UFRS, gradua-se como engenheiro civil (1949).
Estudante universitário na UFRGS, ingressou na política, organizando a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro.
O CASAMENTO
Brizola e Goulart foram ambos deputados estaduais pelo PTB do RS.
Brizola conheceu Neusa Goulart, irmã de João Goulart e futuro presidente da república. Em 1º.03.1950, Brizola e Neusa Goulart casam-se, casamento realizado na Fazenda de Iguariaçá, São Borja, tendo o ex-presidente da República Getúlio Vargas como um dos padrinhos. O casal se conhecera nas reuniões da Ala Moça do PTB. Tiveram três filhos juntos: Neusinha, José Vicente e João Otávio. Após a morte de Neusa (1993), manteve relação com Marília Guilhermina Martins Pinheiro.
INÍCIO DA VIDA POLÍTICA
Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB e em 1954 deputado federal, com votação recorde.
Dois anos depois, elegeu-se prefeito de POA e, em 1958, governador do RS. Pratica então políticas sociais e promove a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transfere seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual se elegeu deputado federal. Durante o governo de Goulart, os dois políticos mantiveram relação tumultuada, mas uniram-se novamente antes do golpe militar de 1964. Brizola, então, exila-se no Uruguai. “Cunhado não é parente, Brizola para presidente”.
Voltou ao Brasil em 1979, depois de exílio de 15 anos no Uruguai, EUA e Portugal. No mesmo ano, funda e preside o Partido Democrático Trabalhista (PDT), socialdemocrata e populista. Em 1982, é governador do RJ, iniciando o programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública. Na eleição presidencial de 1989, quase vai para o segundo turno. Um ano depois, volta a governar o RJ, eleito no primeiro turno. A partir daí, não logra êxito em nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Lula da Silva em 1998 a senador pelo RJ em 2002.
(Continua)