Mais contribuições do psiquiatra Joacy Casagrande Paulo sobre Fiobo Minatto:
Proprietário de algumas casas alugadas para boates, manda construir lá no Santo Antônio mais uma. As mulheres do bairro ficam sabendo e incendeiam a casa. FIOVO, informado na hora, corre com a gaita mais capa e chapelão, deixa-se fotografar por Zappelini tocando gaita em meio aos escombros fumegantes. O senso artístico de Fiovo Minatto (que se zangava chamado FIOBO) era apurado, impecável.
FIOVO almoçara com a companheirada que já se mandara. A turma esvaziou algumas guampas de canha vindas lá das bandas de Santo Antônio da Patrulha e se fartara com carne de borrego, regabofe roído até mais que branquear os ossos, sem falar na rapadura de açúcar mascavo lá do Maruim. Almoço especial de bueno. Depois haviam se espichado, estirados sobre pelegos, ficando a olhar prá riba, arrotando e peidando.
É quando bate à porta da chácara Sandra Regina na Henrique Lage, um andarilho alemão, faminto. Pede de comer e FIOVO que não era de negar comida a ninguém, ordena macarrão, galinha e feijão com arroz, que surgem como por encanto. Ele, o filho Riquinho e a mulher, ficam admirando o espetáculo de homem faminto esvaziar o prato por três vezes. Duas vezes e meio para ser exato. Da última enchida sobrou quase metade da comida. FIOVO fez cara de quem não estava gostando do que via. O alemão fez menção de levantar-se da cadeira no que foi impedido por FIOVO. Perguntou ao hóspede se não cabia mais nada. Empachado, fez que não, por gestos. O dono da casa com um gesto mais uma palavra (sentadinho!), impede que abandone a mesa. Diz que ele não vai levantar sem limpar o prato. Dá a espingarda a Riquinho, apontada para a testa do apavorado viajante, comandando que atire caso ele queira levantar-se sem esvaziar o prato. O relutante conviva a caro custo dá conta da empreitada. Pálido, suando muito, deixa-se permanecer como morto. FIOVO já encomendara à patroa uma pratada de polenta. Agora o suor aumenta, é grosso e desce em bagas do rosto sobre o prato vazio. Chega a polenta que FIOVO vira sem-cerimoniosamente no prato do alemão, obrigado, sabe-se lá como, a engolir a iguaria. FIOBO arremata a lição de civilidade dizendo que infeliz nenhum tem o direito de vir pedir comida e jogar o resto fora e, tem mais: ia tomar um café para rebater!
Dia desses, encontro Frederico Minatto na Rádio SOMMAIOR. Conversa vai, conversa vem, pergunto qual é seu parentesco com FIOVO MINATTO. Era meu tio, responde. Morreu quase na miséria, acrescenta. Gostava de tocar gaita, mas só fingia, tocava quase nada. Frequentava casas de mulheres, em especial a Casa Verde. Ia de taxi, que o esperava à porta até o fim dos folguedos noturnos. Lá dentro, às vezes, com uma adaga perfurava o fole da gaita e a enchia de vinho! De taxi voltava para casa. No dia seguinte, às dez da manhã ia até o Ponto de Taxi acertar a corrida. Pontualmente.
Perguntei de Riquinho. Mora em Florianópolis, respondeu e que pensava em retornar de vez a Criciúma. Mas, era coisa de momento, logo esquecida. ANTONIO ZANETTE observou que FIOVO MINATTO era pessoa de posses e que frequentemente buscava seu pai para troca de informações comerciais.