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Na Colônia de Dino Gorini, o primeiro bioquímico (baseado na obra de Brigitte Gorini)

Por Henrique Packter 19/08/2021 - 08:29 Atualizado em 19/08/2021 - 08:31

DINO GORINI terá sido  primeiro profissional da área médica em nossa região a intuir sobre a importância dos exames laboratoriais no diagnóstico e terapêutica dos males do organismo humano. Munido de um modesto microscópio monocular fazia seus exames parasitológicos de fezes, exames comuns de urina e até hemogramas!

Os exames mais comuns eram aqueles de fezes, trazidas pelos próprios interessados das maneiras mais diversas. A preferência dos pacientes era trazê-las em  pequenas caixas de fósforos, mas havia quem as trouxesse em grandes pacotes, fezes laboriosamente colhidas em longo espaço de tempo!

Os tratamentos consistiam em ingerir ervas, sementes, alho, cebola, certos frutos, prescritos pelo médico.

BRIGITTE, autora de BONS TEMPOS, alude aos costumes da colônia. Fala dos namoros de então, merecedores da maior vigilância paterna (e materna, por que não!)).  Namorados andavam lado a lado na praça, às vezes roçando as mãos, um teste muito útil. Nada de mãozinhas dadas ou de braço. Mas, quando casavam, os bebês nasciam antes de nove meses das bodas. A gravidez do primeiro filho nunca era de 9 meses. Podia ser de um ano, dois meses, cinco meses. Todos os outros filhos do casal serão de nove meses, quase sem exceção. O nascimento prematuro de crianças bem fortes e saudáveis era a tônica daqueles bons tempos.

Meninas nada sabiam, aprendiam ou eram informadas sobre seus corpos, nem da sua anatomia ou fisiologia. Muitas entravam em pânico quando surgia a primeira menstruação. 

Gravidez de moça solteira era coisa impensável. Acusada de ter desonrado a família alguns pais simplesmente expulsavam-na de casa.

DINO GORINI nasceu em Pavia (Itália), 28.10.1909 faleceu em 31.7.1988 no Brasil. Ginecologista e Obstetra, acabou médico generalista num interior carente de médicos. DINO atendia a quem quer que o procurasse sem questionar se seria remunerado ou não. Com qualquer tempo subia a serra para atendimentos emergenciais.

-  “Seu Estevão vá encilhar o zaino que vou atender chamado lá no Costão da Serra”.

Na época o chefe de família detinha o poder de decisão e DINO, tuteado pelos filhos, dispensara-os de beija-mão e pedidos de bênção. Saudava a soltura de gases: “trompa del cullo sanita  del corpo”.

Encerrava discussão de qualquer assunto dizendo punto e basta.

DINO, bem-sucedido financeiramente, criou os filhos com noções de temperança. Foi Conselheiro e diretor presidente da Companhia Carbonífera São Marcos. A 3.10.1958, vereador mais votado, foi presidente da Câmara Municipal de Veneza. Um dos fundadores do Rotary Clube de Criciúma e Governador do Distrito 465 (1977/1978). Maçom na Loja Presidente Roosevelt, foi Venerável e representante da Grande Loja do Grande Oriente da Itália para o estado de SC. Presidiu a Comissão Organizadora dos Festejos do Centenário de Criciúma (1980). Cidadão Honorário de Criciúma (1977) e de Nova Veneza (1983). Há um Memorial Dino Gorini no Paço Municipal e também uma Unidade de Pronto Atendimento na Próspera com seu nome. Em 25.9.2003 o Círculo Ítalo-Brasileiro de Florianópolis, instituiu o prêmio “DOUTOR DINO GORINI Distinção e Reconhecimento Preservação da Memória Catarinense”. Reverenciava a memória dos imigrantes italianos agraciando personalidades ilustres que colaboraram/colaboram com a comunidade ítalo-brasileira.   

 

SAPOS

Sapos machos (amarelos) naqueles BONS TEMPOS eram úteis para testes de gravidez em humanas. O método Galli-Mainini consistia em injetar urina da suposta grávida em sapo macho. As fêmeas eram escuras com manchas, a garotada empenhava-se na captura de anuros machos atrás de alguns trocados.

No escuro da noite, sem lanternas nem velas a meninada acertava sempre nunca trazendo sapos fêmeas. DINO queria saber como nunca se enganavam.

- É fácil doutor, olha só o jeitão dele!       

A LUA DE TODOS NÓS

Um colono da Veneza  mandou um dos filhos estudar na Itália. Contava com o grande retorno em conhecimentos que ele traria para todos. Mas, as contas não param de chegar obrigando o velho pai a se desfazer de vários campos num total de sete. Volta o jovem luminar. À noite, conversam no jardim, o velho colono na expectativa das pérolas de sabedoria trazidas d’além mar.

- Papá, questa luna que io vedo è la stessa que ci vedeva in Itália?

O velho, coça a cabeça de ralos cabelos brancos:

- Puori i miei sete campi! (Pobre dos meus sete campos!).

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