Alguém que ainda passa pela vida com extrema curiosidade, olhos e ouvidos bem afilados, na ânsia de aprender alguma coisa, e, em sendo útil esse conhecimento, transmiti-lo e, se possível, praticá-lo.
Sofremos influência de toda ordem durante nossa curta existência de poucas décadas. O cinema, melhor dizendo, os filmes educaram gerações. In loco parentis (em lugar do pai), como falou Al Pacino em Perfume de Mulher. Falar nele, você lembra ainda da informação que ele passou a Diane Keaton sobre seu (dele) pai cinematográfico, no Poderoso Chefão, Marlon Brando?
- Meu pai fez a ele uma proposta irrecusável...
Orson Welles em Cidadão Kane disse, numa linguagem ainda muito atual:
- As pessoas vão pensar o que eu disser para elas pensarem!
Claude Rains, em Casablanca, apresenta-se a Humphrey Bogart:
- Eu sou apenas um pobre oficial corrupto!
Logo depois, ordena a um subalterno seu:
- Prenda os suspeitos de costume.
Marlon Brando interpreta um boxeador outrora promissor, agora um infeliz sonado, conversando com seu próspero e corrupto irmão (cinematográfico), banco traseiro de um taxi:
- Eu podia ter sido alguém... Eu podia ser um competidor. Eu podia ter classe e ser alguém. Classe de verdade e não um vagabundo que é o que eu sou. Foi você Charlie.
A cena teve de ser repetida inúmeras vezes. A genial interpretação de Brando era de tal forma comovedora que o grande Steiger chorava incontrolavelmente a cada vez que ouvia a fala de Marlon. Foi o fantástico Sindicato de Ladrões.
Teve também Roy Scheider informando a Robert Shaw depois de ver o tamanho do bicho, em Tubarão:
- Vamos precisar de um barco maior...
Woody Allen conversa com sua última conquista, uma condessa, em A Última Noite de Boris Grushenko. Ela elogia:
- Foste o melhor amante que eu já tive!
- Bom, a verdade é que eu pratico muito quando estou sozinho!
Estelle Reiner, mãe do diretor de cinema Rob Reiner, pede ao garçon depois de ver Meg Ryan simular um orgasmo na mesa ao lado, no restaurante no qual almoçava:
- Eu vou querer o mesmo que ela! O filme é Harry e Sally, feitos um para o outro.
As pessoas só vão deixar que essas impressões de som, formas e imagens a conduzam se, em suas estruturas, estiverem presentes elementos capazes de gerar emoções.
A música é geralmente reconhecida como modalidade capaz de desenvolver a mente humana, promover o equilíbrio, proporcionar agradável estado de bem estar , facilitar a concentração e o incremento do raciocínio, em especial em questões reflexivas, voltadas para o pensamento. A música verbaliza a emoção e contém quase sempre três elementos: as palavras, harmonia e ritmo.
Tem também o segundo movimento da Sinfonia Júpiter, Potato Head Blues com Louis Armstrong, Tocata e Fuga em Ré menor de Bach, Cézanne e suas incríveis peras e maçãs, A Dama de Azul de Modigliani, a escultura de Moisés por Michelangelo Buonarroti, A Vênus de Milo e Mona Lisa, esta de Leonardo da Vinci, no Louvre. O Pensador de Rodin, o soneto de Manuel Bandeira dedicado ao poeta e soldado Camões:
Não morrerá sem poetas nem soldados,
A língua em que cantaste rudemente,
As armas e os barões assinalados!
E as Pombas de Raimundo Correia, talvez o mais belo soneto de nossa língua:
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam, fogem...
Mas, aos pombais as pombas voltam,
E eles, aos corações não voltam mais.