Tudo se impregnará do espírito natalino. Veremos irmanados Lulas, Bolsonaros, Cunhas e até Malufes; alguns redimidos, quando saírem da cadeia.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de ameaças ou suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Zumblick, as bandeiras do divino tremulando na atmosfera, distribuindo flores; toda pintura, inclusive borrões psicodélicos, estarão a serviço do entendimento afetuoso e universal. A crítica de arte, encantadoramente se eclipsará, celebrando o Advento.
Sentindo a proximidade de Deus, a poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojadas do som. Para que livros? A terra estará impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de livro. A música permanecerá tal qual Beatles e Beethoven a deixaram; equívocos e ousadias musicais serão arquivadas, sem humilhação para ninguém.
Grande economia para os povos, desaparecerão suavemente políticos, classes armadas, repartições arrecadadoras e fiscais. Do dicionário, uma palavra será reabilitada: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para tornar-se sentido natural da vida. Nem juntas de conciliação, nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Nos riremos do dinheiro, das arcas e apartamentos alugados que o velavam, agora depósitos de doces para visitas. Não buscaremos ou nos esquivaremos da morte; o homem entenderá a existência da noite, como já entendera a da manhã. O mundo, administrado exclusivamente por filósofos racionalistas-iluministas, verá as restantes instituições caducas uma a uma cerrarem suas portas, certas Universidades inclusive. E será Natal para