BORIS destacava-se na prática de basquete à qual se dedicava assim-assim. Em 1953, 12 anos de idade, passa a treinar no time do Colégio Marista em Santa Maria. Forte e alto para a idade, logo era apontado como grande promessa. Logo suas atuações atraem os olhares do Flamengo do RJ que excursionava pelo RS. Seu técnico, TOGO RENAN SOARES, o KANELA, vai pedir a nosso pai consentimento para levar Boris. Ele residiria na concentração do time no RJ e estudaria em ótimas escolas. Ouviu poucas e boas de meu pai e foi posto solenemente e sem qualquer cerimônia no olho da rua. Acabou aí a promissora carreira esportiva cestobolística de Boris, mas não seu interesse pelo basquete. Em 1966 iniciava-se na carreira médica e nossa seleção de futebol estava na Inglaterra para disputar, talvez, sua pior Copa do Mundo. Isto, se a gente esquecer aquela partida dos oito gols. O mascote, leão Willie, da Copa de 1966, é a primeira mascote de Mundial da Fifa, primeira Copa a ter replays dos principais lances das partidas exibidas na Tv.
Na convocação de 43 atletas para a Copa, dirigente da CBD reclamou que o Corinthians quase não tivera atletas convocados. Sugeriu convocar o zagueiro Ditão. Ao datilografar os nomes, colocaram outro Ditão, o do Flamengo. A comissão técnica resolveu deixar por isso mesmo.
Tostão foi convocado para a Copa de 1966 que marcou a despedida de Garrincha da seleção. O Cruzeiro de Tostão detonou o Santos de Pelé na final da Taça Brasil de 66. A dupla TOSTÃO e DITÃO seria notícia, três anos mais tarde, em 1969.
Em partida no Pacaembu pelo Robertão (24.9.1969), o Cruzeiro buscava vaga do grupo A, na segunda fase da competição, contra Corinthians e Internacional. Pela quinta rodada, o Cruzeiro vai a SP pegar o Timão.
Corinthians ganhou de 2x0 e o Cruzeiro ainda teve sério desfalque. O zagueiro corintiano Ditão (o mesmo da convocação equivocada) chutou com violência. A bola atingiu o olho esquerdo de Tostão, que saiu de campo ensanguentado. Teve descolamento de retina e passou semanas entre consultas e exames até ser encaminhado para cirurgia em Houston, EUA, pelo oftalmologista brasileiro Roberto Abdalla Moura. Sem Tostão, o Cruzeiro obtém a vaga para a segunda fase, mas perde o título para o Palmeiras, campeão do Robertão 1969.
Por razões políticas, Saldanha, o JOÃO-SEM-MEDO, lá do Alegrete, saiu do comando da Seleção dando lugar a Zagallo, por artes de Médici. O Velho Lobo vê às vésperas da Copa, Tostão juntar-se a um dos melhores times que o planeta já viu, ganhador da Copa do Mundo de 1970 no México. Entre outros o time contava com Carlos Alberto Torres, Piazza, Clodoaldo, Jairzinho (Furacão da Copa), Rivelino (a patada atômica), Pelé (o atleta do século), Gerson. Edu, jogador mais jovem a integrar a seleção brasileira numa Copa, convocado ponta-esquerda do Santos, 16 anos, não entrou em nenhuma partida.
Zebra histórica em 1966: Coreia do Norte elimina a Itália. Copa que inicia com o roubo da Taça Jules Rimet, exibida no Central Hall, de Westminter, em 20.3.1966. Foi afanada sem nenhuma violência, sem quebrar vidros da vitrine onde se encontrava ou tocar nos selos em exposição no mesmo local.
A notícia correu mundo. Peritos da Scotland Yard investigaram o crime, mas, quem salvou a pátria foi o cachorro Pickles, que achou a taça no subúrbio londrino.
Atletas da Seleção Inglesa receberam menos de mil libras pelo título mundial de 1966. Na Copa, Vicente, o marcador português de Pelé, caçou-o até alijá-lo da partida. Entrevistado pelo jornal inglês Sunday Telegraph, finda a disputa, Pelé declarou estar desgostoso com a violência, e que aquela seria sua última Copa do Mundo. Felizmente a promessa foi esquecida e o Rei conquistou o tricampeonato mundial em 70.
Manga foi o goleiro da canarinho 66. Mas, estava pouco inspirado e Garrincha estava no fim. Em entrevista, Manga contou de seu início no esporte, em times do interior de Pernambuco. O coronel, dono do time, a cada eleição vinha à concentração com os envelopes da votação prontinhos. Não queria que os craques passassem trabalho. Bastava colocar tudo no envelope oficial. Manga, em determinada eleição pergunta se pode olhar em quem estava votando. O coronel:
- Manga! Você não sabe que o voto é secreto?!
TUDO BEM, E QUANTO AO BASQUETE?
Só em 1965 as entidades, Confederação Brasileira de Desportos (CDB) e Confederação Brasileira de Basketball (CBB) se uniram e desde então passaram a organizar a Taça Brasil de Basquete, o primeiro Campeonato Brasileiro de Basquete oficial. Como os títulos do Flamengo foram conquistados no período de cisão entre CBD e CBB, eles não são reconhecidos pela última.
Em 1947 a coordenação técnica do Flamengo, RJ, estava a cargo de Togo Renan Soares, o Kanela, hoje nome de dois ginásios do clube. O novo técnico revoluciona a história do basquete rubro-negro, acabando com o jejum de títulos. Em 1948 e 1949, o Flamengo foi bicampeão estadual. Em 1951, Gilberto Cardoso presidente, o Flamengo entra na década de ouro do basquete rubro-negro. De 1951 a 1960, o Flamengo sagrou-se decacampeão carioca. Durante esses 10 anos, foram 193 vitórias e quatro derrotas. Atletas que fizeram nome na época: Mário Jorge, Algodão, Gedeão, Alfredo La Motta, Godinho, Guguta, Waldir Boccardo, Fernando Brobró (campeão mundial em 1959 e 1963), Arthur, Zé Mário, Tião Gimenez e Ardelum.
Essa geração do Flamengo ganhou ainda três torneios brasileiros organizados pela CBD em 1949, 1951 e 1953. Assim como o de 1934, estes títulos não são reconhecidos como títulos oficiais do Campeonato Brasileiro de Basquete.
O Flamengo foi o primeiro clube brasileiro a conquistar um título internacional no basquete, o Campeonato Sul-Americano de Clubes, Campeões de Basquete Masculino de 1953, realizado em Antofagasta, Chile, o Rubro-negro terminando em primeiro lugar, juntamente com o Santa Fé (Argentina) e o Olimpia (Paraguai).
O basquete masculino do Flamengo volta a conquistar títulos cariocas em 1962, 64, 75, 77, 82, 84, 85, 86, 90, 94, 95, 96, 98, 99 e 2002. Atualmente, o Flamengo é pentadecacampeão estadual, com os títulos de todos os anos entre 2005 e 2020 (em 2017 não houve campeonato). Entre os anos de 1999 e 2003, o grande nome do basquete flamenguista foi Oscar Schmidt, o mão santa.