Essa história foi colhida num livro de conhecido jornalista/radialista radicado no norte catarinense, Blumenau ou Itajaí, já não lembro mais. O livro, que tem por título Fatos Pitorescos de nossa história, merece ser conhecido por tantos quanto se interessam por nossos causos e pelos vultos que marcaram nosso desenvolvimento.
Como todo mundo está cansado de saber, nos anos 30 Paulo Carneiro foi indicado por um de seus professores na Faculdade Federal de Medicina da Praia Vermelha, Rio de Janeiro, não só como seu melhor aluno como aquele capaz de resolver os problemas médicos da região da Laguna. E, foi assim mesmo.
Paulo Chega, logo casa com a filha do Provedor do Hospital. Homem culto, apreciador de música erudita, muito auxiliou o desenvolvimento intelectual da região lecionando nas escolas da cidade matérias que dominava. Foi homenageado em vida pela população da cidade, com um busto em praça pública ali, ao lado do Cine Mussi.
Foi prefeito da Laguna três vezes.
Aos domingos eu costumava arrebanhar minha família, mulher e quatro filhos, para almoçar no Restaurante Nice, de Rodolfo Michels, ali, pertinho do museu dedicado à heroína de dois mundos, a nossa Anita Garibaldi.
O prato de resistência do restaurante era a inigualável maionese de camarão, honra e glória da culinária nacional, imbatível prato a engrandecer a nacionalidade. Mais de uma vez lá encontrei Paulo Carneiro, numa delas acompanhado pelo governador Jorge Bornhausen, de quem era amigo e correligionário.
Pois, vai daí que Paulo viaja a Florianópolis para resolver problemas da cidade que administrava. Era um fim de semana e a primeira parada obrigatória foi na Felipe Schmidt para atualizar-se nas novidades da praça e do estado. No Senadinho auscultou o senador Alcides Ferreira, que trajava o indefectível terno branco encimado por chapéu também impecavelmente branco. Como se sabe, Alcides Ferreira tomava seu cafezinho em pé e no pires! Mas, de resto, era um manancial inesgotável de estórias.
Paulo Carneiro ao sair do Senadinho esbarra em conhecido amigo seu e figura folclórica da Laguna, o Gaguinho. O apelido esclarecia como falava o ilustre personagem. Pergunta Paulo Carneiro:
- Gaguinho! Que fazes em Florianópolis?
- Pois nem lhe conto Dr. Paulo! Não é que minha mulher me inscreveu num curso de gagueira!
Paulo Carneiro arregala os olhos de pura indignação:
- Mas, para que isso homem de Deus? Se tu já gagueja tão bem!