Numa outra sexta-feira pela manhã, como de costume, estive no Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior de Criciúma, fazendo a segunda coisa de que mais gosto: falar sobre a vida e suas manifestações. Lessa e eu, dávamos vaza a uma permanente inquietação existencial e a um profundo respeito e zelosa guarda do imortal idioma pátrio.
Comentamos o livro, velho de 20 anos, FATOS E RELATOS PITORESCOS, do falecido jornalista catarinense LUIZ ANTONIO SOARES, publicado em 2003 pela Editora e Gráfica Odorizzi Ltda. Prefácio do jornalista Moacir Pereira, o que não é pouca coisa, fica conferido ao trabalho, este galardão de elevado valor intelectual. Moacir, classifica o autor de exemplo vivo de profissional que vai às últimas consequências quando se trata de advogar princípios, valores, convicções. Vai mais longe e identifica o autor como jornalista competente, punido em sua própria terra pela inveja dos medíocres. Imagino que a obra está esgotada o que não causa nenhuma admiração: é assim mesmo, em se tratando de trabalhos que tais.
Quanto a Luiz Antônio Soares, falecido em 20.9.2013, aos 72 anos, foi o primeiro jornalista de SC a receber o reconhecido prêmio Esso Regional Sul. Iniciou sua carreira no Jornal A Nação, dos Diários Associados, em Blumenau, e colaborou com o semanário O Lume, de Honorato Tomelin. Sepultado no Cemitério São José, Blumenau, Luiz Antônio Soares morreu numa sexta-feira no Hospital Santa Isabel, onde estava internado desde terça-feira, ao sofrer um traumatismo craniano, após queda em casa. Soares atuou como colunista do Jornal A Notícia e também trabalhou no Jornal de Santa Catarina por 27 anos, onde foi editor-chefe entre 1970 e 1980 e ganhou o prêmio mais valorizado da imprensa brasileira com série de reportagens defendendo a preservação da Ponte do Salto.
No livro de Luiz Antônio Soares de 206 páginas, há alguns notáveis relatos de não menos notáveis personalidades que desfilaram pelo cenário de nosso estado. Logo na página 13, Lessa e eu encontramos excelente matéria, intitulada NOMINHO.
Nesse local Luiz Antônio Soares descreve caloroso debate entre os deputados PEDRO KUSS do antigo PSD de Mafra e PAULO KONDER BORNHAUSEN, o PKB, da UDN, irmão de JORGE BORNHAUSEN. Pedro Kuss (Lapa, 4.04.1897, 22.03.1978), foi fazendeiro e político, filho de José Kuss Filho e de Ernestina Weinhardt Kuss. Kuss, Kuss, Kuss.
Foi vereador, prefeito de Joaçaba e Mafra, deputado estadual-, cargos alcançados tanto por nomeação (escolha política), quanto por eleição direta (pelo voto popular).
Revolucionário, integrou o grupo liderado pelo coronel José Severiano Maia, articulador dos desdobramentos da Revolução de 1930 que retirou do poder o presidente Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levou Getúlio
Vargas à presidência da República. Fez parte da preparação mafrense para participação nos combates da Revolução Constitucionalista de 1932, como subcomandante do 5º Batalhão da Reserva da Força Pública de SC, tropa de voluntários que ficou popularmente conhecida como Batalhão Come-Vaca.
Após as revoluções do início da década de 1930, Pedro Kuss assumiu em 1933, por nomeação, a prefeitura de Joaçaba e, dois anos depois (1935), também por nomeação, tornou-se prefeito de Mafra. Assumiu por outras duas oportunidades a prefeitura de Mafra: mais uma vez nomeado em 1946, e eleito ano seguinte.
Em 1950 conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa de SC, cargo que voltaria a exercer também na década seguinte, após vencer novas eleições e, cumprir novo mandato de deputado estadual na 3ª legislatura (1955 — 1959), eleito pelo PSD. É quando o deputado Pedro Kuss resolve inticar com PKB, acusando o deputado Paulinho (sempre citado dessa maneira), disso e daquilo e mais aqueloutro. Até que PKB levanta questão de ordem, autorizada pelo presidente da Casa.
Chama PKB no diatribe, de deputado Paulinho, sendo interrompido, por questão de ordem, levantada por PKB.
- Senhor Presidente, senhores deputados! Meu nome é Paulo Konder Bornhausen. Dou ao meu oponente o direito de me tratar por PKB, Paulo, Paulo Konder, Konder, Konder Bornhausen, Paulo Bornhausen – como queira, pode escolher! Mas, se o deputado KUSS continuar a me chamar do jeito como o faz, vou trata-lo da mesma forma. Só ainda não sei se pelo aumentativo ou pelo diminutivo de seu sobrenome!