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Pedro Milanez

Leia a primeira parte

Por Henrique Packter 22/07/2024 - 15:00 Atualizado em 22/07/2024 - 15:02

PEDRO MILANEZ era filho de Pascoal e Páscoa Meller Milanez. Casado com VIRGÍNIA FURGHESTI BEZ BATTI MILANEZ que era filha de CAROLINA BEZ BATTI FURGHESTI. PEDRO foi neto de GIOVANNI MILANESE um dos fundadores de Criciúma. ANDREA MILANEZE, em 06.01.1880 foi colono fundador do nosso núcleo colonial.

Pedro é contabilista formado no RJ em 07.01.1932 e sócio cotista da COOPERATIVA VITORIA. Pedro Milanez nasceu em Criciúma a 24.07.1909 e foi casado com Virgínia Furghesti Milanez. O casal não teve filhos. Ele era neto por parte de pai de um dos fundadores de Criciúma, Giovanni Milanese. Pedro formou-se guarda-livros no RJ em 07.01.1932 Minerador do ramo de carvão mineral criou A Carbonífera Brasil Ltda., e a Companhia Brasileira de Indústria S.A. Em 1932 instalou a primeira tipografia criciumense vendida depois a César Lodetti.

Construiu e foi proprietário exclusivo em 18.04.1948 do Cine-Teatro Milanez na rua 6 de janeiro. Como sócio da Empresa Cinematográfica Sul-Catarinense (ECSC) Ltda edificou o Cine Ópera na Cel. Pedro Benedet.

Correspondente do Consulado Geral da Itália depois agente consular até morrer. Sócio fundador e depois governador de Rotary, 18.04.1948.

Aliás, numa das reuniões do Rotary Clube no Criciúma Clube, jantar das quartas-feiras, Pedro aparece, alegre como de costume. Agitava uma carta nas mãos. Exibiu-a com evidente satisfação. A correspondência vinha da Itália e estava endereçada simplesmente a Pedro Milanez, Brazil. E chegara a seu destino!

O HOMEM DE VIRGÍNIA

Naquela época de televisão de um só canal, vindo de Porto Alegre, programa de grande audiência era o faroeste HOMEM DE VIRGÍNIA. Pronto! Logo o apelido pega e Pedro passa a ser conhecido em quase todo o mundo que vale a pena com esse epíteto.

Lançou em 1991 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE CRICIÚMA e faleceu em Criciúma a 1º de agosto de 1992.

ATRÁS DE UM GRANDE HOMEM

Dona VIRGÍNIA era pessoa de grande modéstia apesar da fortuna acumulada por Pedro. Vestia-se com simplicidade, despojada de joias e penduricalhos.  Pedro colecionava jornais da cidade (TRIBUNA CRICIUMENSE) e canetas de valor histórico ou material. No início dos anos 60, casado, sem filhos, decidimos – eu e minha mulher – ir ao Congresso Europeu de Oftalmologia. Procurei a mídia local e informei do fato para conhecimento dos clientes das datas de minha ausência.

Alguns dias depois, um sábado, chego em casa para almoçar e encontro Frida – minha mulher -, e dona Virgínia em grandes conversações.

Ainda foi possível ouvir a parte final da prosa. Dona Virgínia, do alto de suas experiências em viagens internacionais e que não eram poucas, orientava Frida:

- Pois dona Frida, no exterior visto-me como a senhora me vê aqui. Joias, somente a aliança, sapatos comuns de salto baixo, essa velha bolsa de couro que já viu muitas cidades famosas. Vestidos feitos ali com a dona Xiloca, cabelos sem enfeites e curtos. Minhas amigas que se vestiam com aprumo e luxo já quase todas elas tinham sido  assaltadas; eu, até esmola recebi na rua!

Foi dono da Casa Moto Parque, estabelecimento situado na Pça. Nereu Ramos, especializado em motores e fornecedor de equipamento de mineração.  Foi sócio na Força e Luz de Criciúma. Desde 06.11.1972 era correspondente do Consulado Geral da Itália passando, mais tarde, à categoria de agente consular, função em que se manteve até a morte.

Pertenceu ao grupo de fundadores do Bairro da Juventude (SCAN) e foi eleito presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) em 25.05.1948.

Sócio fundador e dirigente do Rotary Clube de Criciúma, criado em 18.04.1948, foi seu primeiro governador indicado do Distrito 465, no ano rotário de 1958-1959.

Participou em 21.11.1942 da criação da Banda Musical Cruzeiro do Sul.  Conhecedor profundo da história de nossa comunidade lançou em 1991, Fundamentos Históricos de Criciúma. Possuía como relíquia a escrivaninha que pertencera ao primeiro prefeito de Criciúma, o velho Marcos (Marcos Rovaris), como dizia. Seus belos móveis da sala de jantar haviam pertencido ao engenheiro Paulo Marcus.

Foi, talvez, o empresário que mais viajou pelo mundo entre todos quantos empresários conhecemos. Dominava o inglês e o italiano idiomas nos quais era excelente articulador.

UM POUCO DE POLÍTICA

De 1973/1977, sendo prefeito de Criciúma Algemiro Manique Barreto e vice-prefeito Fidelis Bach, estavam eleitos os 15 seguintes vereadores:

Aguinaldo Nunes (sindicalista)
Assirto Casagrande
Avelino Diney Pedro Lopes (autor do projeto que me concedeu o Título de Cidadão Honorário de Criciúma e pai do jornalista Nei Lopes)
Edi Tasca (administrador de empresas)

Jairo Frank (advogado)
Lourival Spindola (
Mário Sônego (vice-prefeito 1977-1983, sendo prefeito Altair Guidi)
Miguel Medeiros Esmeraldino (radialista)
Nereu Guidi (depois Deputado Federal e Secretário de Estado em SC)
Pedro Milanez (a primeira pessoa a atender um telefonema em Criciúma)
Raul Pessi (
Sylvio Bitencourt (Campestre Iate Clube, projeto deste criciumense, playboy visionário e de sua companheira Nenê (apelido) Kubitschek ela, Carioca, conheceram-se no RJ. Auge, anos 70 a 80. Ator de cinema).
Valdenir Zanette (radialista, o Zé do Mato)
Waldir Bitencourt (
Walmor Damiani (15)
Suplentes (4) :Addo Caldas Faracco (depois 2 vezes prefeito de Criciúma), Candido Natal, César José Rodrigues, Cyro Bacha, do restaurante Capri)

JOÃO MILANEZ

Irmão de Pedro Milanez fundador da Folha de Londrina (1948) e  TV TAROBÁ de Cascavel/PR (1º.02.1979), posse sacramentada por  Ernesto Geisel.

MINHA PRIMEIRA VIAGEM A CONGRESSO NO EXTERIOR

Eu  e Frida nos preparávamos. Eu já anunciara na mídia citadina que estaria ausente da cidade em final de 1965, de tanto a tanto. Vinha substituir-me meu irmão, sextoanista de Medicina em Santa Maria, RS.

Dona Virgínia bate à nossa porta, inesperadamente, vestida com extrema singeleza, como era seu hábito. A única joia que sempre portava, grande aliança de ouro, reluzia no anular da mão esquerda. No mais, eram sapatos de salto baixo, bolsa de cor indefinida pelos anos de uso, tailleur cinza, cabelos curtos, limpos e sem penduricalhos.

- Dona Frida, falou, soube que vocês vão viajar para o exterior. Como tenho muita experiência em vagens ao exterior e como a considero como amiga muito querida, tomei a liberdade de vir visitá-la e contar algo do que já vivi, do que já vi em minhas viagens. Eu me visto, aqui e lá fora como a senhora está vendo: com grande simplicidade. Não é de meu feitio ostentar. Por conta deste meu hábito, minhas amigas já foram quase todas elas assaltadas no exterior. Eu, até esmola já recebi...

NO ROTARY

Por algum tempo participei das atividades de Rotary Internacional em Criciúma, apresentado que fui pelo comerciante e amigo MAX FINSTER. Nos jantares das quartas-feiras do clube, Pedro Milanez fazia valer sua experiência e conhecimento rotário. Teve  dia em que Pedro chegou ligeiramente atrasado à reunião no Criciúma Clube local das reuniões. Exibia orgulhosamente um envelope que fez correr de mão em mão. O envelope trazia os selos, o nome do destinatário (Pedro Milanez) e o nome de nosso país (BRAZIL). Mais nada. Mesmo assim, a empresa ECT localizara e fizera a entrega da correspondência!

PEDRO MILANEZ É OPERADO DE CATARATA EM CRICIÚMA

A cirurgia da catarata, tal como a conhecemos hoje, começa em 1949 com Sir HAROLD RIDLEY. O trabalho pioneiro de Ridley na concepção das primeiras Lentes Intraoculares trouxe benefícios inestimáveis a milhões de pessoas  no mundo. Graças à sua invenção, a cirurgia de catarata se tornou um procedimento eficaz, menos invasivo, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Apesar das avançadas técnicas atuais, esse tipo de intervenção já era feito há muitos séculos, de várias maneiras. Segundo a OMS, a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, isto é, cerca de 20 milhões de pessoas tem catarata.

Primeiro relato de tentativa de remoção de catarata: 600 a.C. no livro de Tantra. Nele o cirurgião Susruta, 2624 anos atrás, descreve, o procedimento no qual o cristalino é deslocado por incisão mínima para inserção de instrumento cirúrgico. Incrível: essa técnica rudimentar ainda é utilizada em distantes lugares da Ásia. Segundo o Código Hammurabi, a cirurgia ocular existe desde 1700 a.C.

Segundo registro: Abull Qasim Amar, descreveu em 1000 d. C. a técnica de aspiração da catarata por uma agulha. O grande marco da oftalmologia foi em 1747, 277 anos atrás, quando o francês Jacques Daviel fez a primeira extração/inclinação extracapsular do cristalino por uma incisão. Ao longo dos anos muito evoluiu a técnica cirúrgica: crioextração, facoemulsificação e o desenvolvimento das LIOs.

Já a extração intracapsular do cristalino, ocorre 6 anos depois (283 anos atrás) com Sharp. A ideia: substituir o cristalino por prótese, inserindo lente de vidro no olho do paciente após a cirurgia, tentativa falha realizada na Alemanha. Como não havia suporte, a lente mergulhava no vítreo e a cirurgia não prosperou.

Em 1860, o alemão Albrecht von Graefe desenvolveu uma faca especial para a incisão que foi utilizada por quase um século para a extração extracapsular do cristalino. Em 1900, Verhoeff realizou a extração intracapsular do cristalino com uma pinça. Quatro décadas (1940) depois, Hermenegildo Arruga e Ignácio Barraquer passaram a utilizar a sucção capsular em seus procedimentos.

Observando os ferimentos dos pilotos da Real Força Aérea Britânica, Ridley utilizou o mesmo material para construir lente substituta para o cristalino humano. Efetuou a primeira cirurgia com o implante em 1949. Tadeuz Krwawicz criou a crioextração, que, apesar das vantagens, ocasionava complicações. Foi utilizada até meados dos anos 80. Em 1971 introduzi a técnica no Hospital dos Servidores do Estado, RJ, com aparelho de fabricação nacional.

Em 1967, a chamada facoesmulsificação foi desenvolvida. É considerada o procedimento mais seguro e eficaz para o tratamento da catarata pois consiste na destruição do cristalino opaco com energia ultrassônica e sua aspiração.

Em 1975 vem o pioneirismo da implementação da facoemulsificação no Brasil, através de um grupo de destaque na Oftalmologia nacional: Drs. Afonso Fatorelli, Pedro Moacyr de Aguiar, Miguel Ângelo Padilha e Paulo César Fontes.

A cirurgia de catarata, procedimento cada vez mais comum, é também a única forma de recuperar a visão perdida pela opacificação do cristalino por conta, principalmente, do envelhecimento.

Atualmente a cirurgia de catarata continua sendo a única opção viável para a recuperação da visão perdida por conta da doença. Mas, muita coisa mudou. Hoje, o cristalino opacificado é removido com segurança do olho e substituído por uma lente intraocular com tecnologia avançada que soluciona a opacificação cristaliniana e, também outros erros refrativos como miopia, hipermetropia, astigmatismo e até a presbiopia (vista cansada). O procedimento é indolor, com anestesia local ou tópica, rápido e com pronta recuperação.

AS CATARATAS DE PEDRO MILANEZ

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

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